Organizado todos os anos por uma equipa diferente localizada em partes distintas do Reino Unido, o Luso 2018 terá lugar na universidade de Lancaster, onde são professores os cinco elementos da comissão, incluindo a economista Céu Mateus.
"Achámos interessante falar na questão da trandisciplinariedade e da multidisciplinariedade. Sou economista de formação, mas tenho trabalhado sempre na área da saúde e estou habituada a ambientes híbridos", disse à agência Lusa.
As carreiras, garante a professora de Economia da Saúde, "dão muitas voltas ao longo da vida", pelo que o objetivo do programa é dar a conhecer percursos e experiências para abrir perspectivas.
O título da primeira sessão da tarde, "Percursos não lineares", é emblemático e tem como protagonistas Miguel Clara Vasconcelos, Joana Lobo Antunes e Patrícia Portela.
Com estudos superiores em Literatura e Cinema, Miguel Clara Vasconcelos tem trabalhado em teatro, dança, videoarte e cinema, enquanto que Patrícia Portela se especializou em escrita e performance, depois de estudar cenografia.
Joana Lobo Antunes dedica-se atualmente à comunicação de ciência, que desenvolveu ao aplicar o interesse e prática de teatro à carreira de investigação, onde chegou após se formar em Farmacêutica.
Na outra sessão da tarde sobre "Cidadania e sociedade", as sociólogas Helena Carreiras, Helena Machado, Maria João Valente Rosa vão falar dos diferentes campos de estudo a que se aplicaram, enquanto que Sandra Maximiano terá oportunidade de expor o seu interesse em economia comportamental.
"É importante para quem está a concluir o doutoramento e não sabe o que fazer da vida ter acesso a testemunhos de pessoas que já têm experiência de vida e tiveram várias vidas", defende Céu Mateus, que coordena vários projetos de investigação na área da avaliação económica de tecnologias de saúde.
No Reino Unido desde 2014, onde encontrou um posto longe do espírito de crise que se vivia então em Portugal, encontrou em Lancaster uma das 10 melhores universidades do país, que tem atraído mais investigadores portugueses.
No comité organizador estão a Professora de Biologia Vegetal Aplicada à Seguranca Alimentar Elizabete Carmo-Silva, o linguista Patrick Rebuschat, o professor de empreededorismo Ricardo Zózimo e Joana Zózimo, que investiga e avalia modelos de colaboração entre a academia, indústria e pequenas e médias empresas em África.
Por outro lado, constatou uma realidade diferente daquela em Portugal, onde as carreiras são frequentemente "estanques", sobretudo na academia.
"Aqui as pessoas circulam mais entre academia e outros sectores de actividade públicos e privados. As pessoas vão fazendo várias coisas ao longo da vida, não se sentem prisioneiras e não têm medo da mudança", enfatiza.
Tendo em conta que quase metade dos participantes nos encontros Luso, promovidos pela Associação dos Estudantes e Investigadores portugueses no Reino Unido (PARSUK na sigla inglesa), são regularmente doutorandos, o evento pode ter um papel importante.
"Acreditamos muito no poder de desenvolver uma boa rede de contactos e de envolver nas nossas iniciativas pessoas com diferentes perspetivas e vasta experiência profissional", refere o presidente da PARSuUK, Luís Miguel Lacerda.
Na parte da manhã, o Luso 2018 terá sessões sobre as políticas para a educação e a ciência, com a presença do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Mendes, que terão no mesmo painel o ativista contra o Brexit, Mike Galsworthy, diretor de programa na associação Scientists for EU.