"Face à total descapitalização de recursos que prossegue este ano, comunicámos no dia 10 ao diretor do ISN a cessação da atividade de socorro e salvamento a náufragos, declinando qualquer intervenção nesse sentido até formalização de competente protocolo e atribuição dos meios adequados", descreve o comando dos BVCE.
Alertando para uma "drástica redução de meios", os BVCE sustentam que "o ISN, autoridade competente nesta matéria, terá que assumir as consequências que possam vir a decorrer" desta decisão.
Aquela que é a primeira corporação em Portugal a resultar da fusão de dois corpos de bombeiros autónomos explica que essa decisão se deve ao facto de o ISN ter deixado de ceder-lhes a moto 4x4 que, só em 2017, interveio em 24 salvamentos ao longo da costa no concelho de Espinho.
"O único equipamento disponibilizado atualmente pelo ISN é uma embarcação de pequeno porte com mais de 30 anos e cujo atrelado e motor são propriedade do Corpo de Bombeiros", alertam os BVCE.
De acordo com aquela corporação, esta opção do ISN "segue em linha com a total subtração de meios e recursos que tem vindo a ser levada a cabo pelo ISN em Espinho".
Como exemplo desse empobrecimento material, o comando da corporação refere três outras "não-reposições" em anos recentes: a de um veículo do ISN substituído pelo corpo de combeiros em 2008, a do atrelado e motor da embarcação também repostos a expensas da corporação em 2016 e a de uma moto-de-água que deixou de ficar disponível em 2011.
Relativamente a este último caso, o BVCE nota que se trata do "meio de socorro mais adequado para Espinho face à inexistência de entrada adequada para embarcações".
Os BVCE alertaram para esse problema já em 2017, mas "o pedido não pôde ser acolhido por alegada escassez de recursos", descreve o comunicado.
A corporação diz estar a "substituir-se à incapacidade operacional do ISN, investindo numa área da exclusiva competência da Autoridade Marítima - cujos meios de salvamento mais próximos se encontram em Leixões", a uma distância de mais de 20 milhas náuticas (o que corresponderá a cerca de 32 quilómetros).
Pedro Louro, comandante dos BVCE, diz que também já manifestou ao ISN a sua preocupação "sobre missões de socorro que não são da jurisdição da corporação nem tão pouco da competência" da corporação.
Para o responsável, tal não invalida que, "ao longo dos anos e com a prestimosa colaboração de surfistas", os BVCE tenham "garantido o salvamento a náufragos com meios complementares".
"Não vamos mendigar qualquer recurso. Estaremos disponíveis para continuar a colaborar nesta área desde que nos atribuam os recursos adequados e formalizem os termos da nossa colaboração. Até lá, é muito importante que a população perceba que esta não é uma responsabilidade do corpo de bombeiros", esclarece o comandante.
Contactada pela Lusa a Autoridade Marítima Nacional e o ISN, essas entidades remeteram para mais tarde um esclarecimento sobre o assunto.