Ambientalistas pedem ao Governo a remoção de barragens obsoletas
A grande quantidade de barragens obsoletas na Europa afeta o desenvolvimento das espécies migratórias dos rios, conclui um estudo hoje divulgado, levando a WWF Portugal a pedir ao Governo que remova algumas daquelas estruturas.
© Getty Images
País WWF
O trabalho "Remoção de barragens: Uma solução viável para o futuro dos nossos rios europeus", publicado pela Dam Removal Europe (DRE), que junta cinco organizações internacionais, entre as quais a ambientalista WWF, salienta que a densidade de barragens, açudes e barreiras na Europa é muito maior do que se suspeitava.
Como resultado, "espécies migratórias como o salmão, enguia, esturjão, entre outros, encontram obstáculos que impedem ou atrasam a sua passagem a cada quilómetro", aponta o trabalho divulgado em Portugal pela Associação Natureza Portugal (ANP)/WWF.
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, anunciou a intenção de, até final de 2019, remover oito infraestruturas hidráulicas de 10 identificadas.
Entre estas, três foram já removidas no Guadiana, e duas estão identificadas no Douro, mas "o Governo mantém-se em silêncio sobre os métodos que estão a ser usados para a remoção e as datas em que isto acontecerá", aponta a ANP/WWF.
Para aquela organização, "é essencial" que o Estado português assuma objetivos de remoção de barragens e barreiras obsoletas e de renaturalização dos rios em todas as bacias hidrográficas, conclua rapidamente o estudo sobre impactos cumulativos das grandes barragens, nomeadamente na bacia do Douro, e legisle um estatuto específico de proteção para os troços com maior potencial de conservação, como já acontece em Espanha.
"Os rios representam vida na natureza, e interrompê-los tem um preço alto. Por toda a Europa, os rios estão em péssimo estado, e as barragens são algumas das maiores culpadas", defende a diretora executiva da ANP/WWF, Ângela Morgado, citada numa informação divulgada.
Na Europa, "temos milhares de barragens antigas e obsoletas que provavelmente foram construídas com boas intenções. Mas, hoje, sabemos que isso foi um erro. E pedimos aos nossos governos que assumam seus erros, removam essas barragens e, ao fazerem isso, se mantenham fiéis ao espírito da diretiva-quadro da água, trazendo a vida de volta aos nossos rios", acrescenta.
A organização de conservação da natureza recorda que somente 40% das massas de água da Europa apresentam boas condições e que antes apenas as barreiras com tamanho superior a 10 metros eram contabilizadas, mas estas representavam menos de 3% de todas as barreiras fluviais.
O relatório agora divulgado estima que em França, Espanha, Polónia e Reino Unido existam cerca de 30 mil barreiras, entre as quais se destacam pequenas represas agora obsoletas.
Nas conclusões do estudo, é pedido aos governos que comecem a remover as barragens redundantes, o que vai contribuir para que a vida volte aos sistemas fluviais e proporcionar "novas oportunidades para as economias locais".
À medida que os peixes regressam aos rios, também voltam as aves que comem aqueles peixes e várias outras espécies dependentes dos sistemas hídricos, assim como os pescadores e os observadores de aves, por exemplo.
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