O 'entra e sai' de Marine Le Pen da Web Summit gera indignação

Nome de política de extrema direita não gera consenso e há muitos decididos a impedir que a francesa participe na maior conferência de tecnologia do mundo.

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Andrea Pinto
13/08/2018 17:31 ‧ 13/08/2018 por Andrea Pinto

País

Críticas

A lista de oradores da WebSummit 2018 causou, este fim de semana, um grande reboliço nas redes sociais.

A responsável é Marine Le Pen, a política de extrema-direita da França, cuja foto surgiu na lista de oradores do evento, que acontece entre 5 e 8 de novembro, no Altice Arena.

Vários políticos portugueses não gostaram de saber que a filha do também polémico Jean-Marie Le Pen estaria de visita a Portugal e mostraram de imediato a sua indignação nas redes sociais.

Para nomes como João Galamba (PS), Rui Tavares (Livre) ou Fabian Figueiredo (Bloco de Esquerda), a presença de Le Pen em Portugal é uma ofensa.

Rui Tavares, por exemplo, lamenta o facto de um evento assente no futuro dar palco "a uma das maiores representantes da xenofobia".

O fundador do Livre partilhou diversos tweets onde explica o porquê de ser contra a presença da francesa em Portugal, considerando que não se importa de dar palco a diferentes vozes partidárias, excepto às que não lutam pela defesa da democracia.

Por sua vez, Fabian Figueiredo considera que o convite a Marine Le Pen, uma "persona non grata", é um "insulto" e pede à organização do evento uma justificação para o facto de a ter convidado e uma justificação para o facto de o seu nome ter sido retirado da lista de oradores e, mais tarde, novamente colocado.

O socialista João Galamba vai mesmo mais longe e diz que Le Pen não virá a Portugal porque "a gente não aceita".  "Normalização de fascistas já ultrapassa em muito o aceitável", atira. Enquanto Isabel Moreira diz que não se pode aceitar isto.

Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, foi outras das vozes a juntar-se ao coro de críticas, escrevendo no seu perfil que Facebook que não quer que "um tostão do erário público contribua para a vinda de uma figura do nazi-fascismo europeu".

A própria instituição acaba de assumir uma posição relativamente ao assunto. Num texto publicado no Facebook, o SOS Racismo lembra que "apesar do re-branding da Frente Nacional, as suas ideias de um estado securitário, fechado, nacionalista e racista mantêm-se". Por esse motivo, considera que Portugal, que apoio o evento com cerca de 1,3 milhões de euros por ano, não pode "dar palco a esta narrativa".

"Ora, não podemos admitir que o erário público contribua para a vinda de uma figura do nazi-fascismo europeu, independentemente de tudo e, muito menos, numa altura em que o próprio estado pelas recentes noticias tem-se mostrado preocupado com a reorganização da extrema-direita em Portugal", pode ler-se.

Após o surgimento do nome de Marine Le Pen na lista de oradores, no site do evento, e após as reações negativas, o nome da política esteve desaparecido do site, durante todo o domingo, mas foi esta segunda-feira novamente incluído.

O Notícias ao Minuto tentou obter junto da organização do evento uma explicação para o sucedido. Fonte da agência de comunicação GCI afirma que a lista de convidados e/ou oradores confirmados é um assunto da responsabilidade da própria Web Summit, pelo que não confirma nem desmente a presença de Le Pen em Portugal. Garante, contudo, que até esta terça-feira um comunicado oficial será emitido relativamente ao assunto. 

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