Em causa está uma infração ao código da estrada por uma viatura de transporte de pessoal da corporação de voluntários, ao estar estacionada um local "onde o trânsito se faz nos dois sentidos, obrigando à utilização de parte da faixa de rodagem destinada ao trânsito em sentido contrário", lê-se no processo enviado aos bombeiros de Viana do Castelo.
Nesse documento, de 16 de setembro, a GNR solicita à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo a identificação do condutor da viatura - que está devidamente caracterizada -, conforme previsto no código de estrada.
Numa informação enviada hoje à Lusa, o comando da GNR de Viana do Castelo admite que a informação a apresentar pela corporação no âmbito deste processo - sobre a viatura estar integrada no dispositivo que combatia o incêndio - "merecerá a séria atenção" e pode levar aquela força a não instaurar, formalmente, o auto de notícia, a última fase deste processo de contraordenação.
"Nesta altura não há um auto levantado, apenas um pedido de identificação do condutor", sublinhou aquele comando.
A alegada infração dos bombeiros, lê-se no processo enviado à direção da corporação, foi registada pelos militares da GNR pelas 00:02 de 14 de setembro, na Estrada Municipal 526, em Nogueira, Viana do Castelo. No local, os militares apenas anotaram a matrícula, não tendo identificado nenhum bombeiro.
Esta viatura integrava o dispositivo que, no terreno, naquela freguesia, combatia o maior incêndio do ano no concelho - que chegou a ameaçar dezenas de habitações e que afetou mais quatro freguesias do concelho -, requisitada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) para fazer a rendição de homens no teatro de operações.
Conforme se lê na requisição da ANPC, à qual a Lusa teve acesso, a viatura foi mobilizada para fazer a rendição de três bombeiros, que estavam no teatro de operações há várias horas, tendo saído pelas 23:26. Chegou ao local de recolha pelas 23:53 e o regresso ao quartel deu-se pelas 00:23, segundo o mesmo registo.
Contudo, explicou a direção da corporação, logo após a recolha, os bombeiros optaram por parar junto a um café em Nogueira, próximo do incêndio.
"Foi uma paragem para descanso, para tomar um café, mal saíram do incêndio. Dois destes elementos voltavam ao combate logo de manhã e outro poucas horas depois", explicou Luciano Moure, presidente daquela associação humanitária.
Garantiu também, após contactar os bombeiros em causa, que a paragem da viatura "permitia o cruzamento de viaturas" naquela via.
A direção afirma que os bombeiros precisaram apenas de "fazer uma pausa para descanso" no local, "não sem antes garantirem todas as condições de segurança e circulação"