"É uma declaração de guerra aos professores”. Foi com estas palavras que Mário Nogueira, da Fenprof, reagiu à notícia de que o Governo aprovou esta quinta-feira decreto-lei que define que os professores vão recuperar (apenas) dois anos, nove meses e 18 dias do tempo de serviço.
Numa conferência de imprensa marcada para a tarde desta quinta-feira, último dia de uma semana de greve dos professores, Mário Nogueira afirmou que a decisão do Conselho de Ministros “vem demonstrar e confirmar a prepotência e a inflexibilidade que o Governo tem abordado esta matéria”, acusando o Executivo de Costa de não ter alterado “uma vírgula” à proposta que apresentou a 28 de fevereiro.
Considerando a decisão tomada hoje "ilegal", Mário Nogueira bateu o pé. "O que tem de ser negociado é o modo e o prazo de recuperar o tempo de serviço”, disse, garantindo: "Essa negociação não aconteceu. O que ministro da Educação hoje disse é mentira, não houve negociação", insistiu. Por outro lado, prosseguiu, "não houve qualquer tipo de intransigência da parte dos sindicatos".
No entendimento de Mário Nogueira, "pensará o Governo que com uma decisão destas em plena luta dos professores é uma espécie de colar uma pedra em cima do assunto, e não falar mais dele". "Está bem enganado", avisou, deixando claro ainda que com esta decisão, que considera ser "uma declaração de guerra aos professores", a manifestação de amanhã, sexta-feira, "será ainda maior" do que estava previsto.
"Os professores responderão exatamente na moeda que o Governo tem que levar de resposta", avisou, apelando aos professores que não fiquem em casa. Mário Nogueira considerou, por fim, "lamentável" que o país "seja governado por um Governo que, não só não investe na educação, como desconsidera e desvaloriza os direitos dos professores". " Iremos à luta!", palavra de Mário Nogueira.
Recorde-se que os professores exigem a recuperação de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço, tendo o decreto de lei aprovado hoje definido um tempo de recuperação bem menor: menos de três anos. Razão pela qual, a Fenprof deverá anunciar outras formas de luta a breve trecho.