Leslie já vai longe mas população de Ceira continua às escuras
Na vila de Ceira, em Coimbra, há quem precise de luz como de oxigénio para viver. Nesta localidade, cerca de 40 pessoas, a maioria idosos, estão ainda sem luz elétrica por culpa da tempestade Leslie.
© Reuters
País Electricidade
São cerca de 40 pessoas, habitantes da vila de Ceira, que continuam sem luz depois da passagem da tempestade Leslie. Moradores acusam a EDP de falta de de resposta efetiva e de não saber lidar com o natural descontentamento da população.
A tempestade Leslie entrou em Portugal continental na noite de sábado para domingo e deixou um rasto de destruição sobretudo na zona Centro e Norte do país. Mais de 300 mil ficaram sem energia elétrica por causa do mau tempo.
A EDP Distribuição anunciou, esta terça-feira, que 94% dos consumidores já têm a energia elétrica restabelecida nas zonas afetadas pela tempestade, referindo que o número de consumidores sem energia se situa nos 20 mil.
Cerca de 40 moradores de Ceira, em Coimbra, fazem parte da fatia dos 20 mil que ainda não têm luz em casa. E os transtornos que isso causa, contam ao Notícias ao Minuto, são inúmeros. “Há idosos à luz das velas e se caem?”, questiona, indignada Isabel Santos, moradora da vila. Na sua família, a dificuldade é conseguir ajudar a avó, debilitada pela hemodiálise, a fazer a sua higiene pessoal numa casa às escuras.
Há ainda o caso de um idoso que precisa de eletricidade como de oxigénio para a vida, literalmente.
Conta Isabel que, sem luz elétrica, o idoso está impedido de realizar o tratamento necessário, em casa, como habitualmente fazia.
Confrontada com o descontentamento da população, e nomeadamente confrontada com o caso do idoso que precisa de oxigénio, a EDP sugeriu que se ligasse para o INEM, caso o senhor se sentisse mal, resposta que aumentou a indignação da população.
O problema da falta de luz elétrica afecta 30 casas na vila, o que corresponde a cerca de 40 pessoas, incluindo crianças dos dois anos até aos 14 e, na maioria, idosos.
A fazer crescer a indignação está, também, o facto de a EDP ter informado uma moradora de que uma equipa técnica se encontrava a caminho para resolver a avaria reportada, sendo que chegaria ao local, no máximo, pelas 19h30 desta terça-feira. Cerca das 23h30, ainda ninguém tinha aparecido.
Isabel, que fala em nome de todos os vizinhos, acusa ainda a EDP de só estar preocupada com a Figueira da Foz e de não ter sequer proporcionado um gerador a estas famílias, o que, passados praticamente três dias, já fez com que toda a comida de frigoríficos e congeladores se estragasse.
Face a tamanho descontentamento, a população avisa que vai cortar estrada da vila como forma de protesto, caso a situação se prolongue.
A EDP, sublinhe-se, nunca se chegou a comprometer com uma data para a reparação total do serviço dada a extensão dos estragos causados.
O distrito de Coimbra foi precisamente o mais afetado pela tempestade Leslie. Na Figueira da Foz, uma rajada de vento atingiu os 176 quilómetros por hora no sábado à noite, valor mais elevado registado em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
A passagem da tempestade que, antes disso foi furacão, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados no país.
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