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Sampaio desafia criação de mil bolsas de estudo inspiradas em Mandela

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio desafiou hoje a comunidade académica a criar mil bolsas de estudo universitárias em sociedades afetadas por conflitos, através do Mecanismo Rápido de Resposta da Plataforma Global para Estudantes Sírios.

Sampaio desafia criação de mil bolsas de estudo inspiradas em Mandela
Notícias ao Minuto

22:20 - 05/12/18 por Lusa

País Ex-presidente

"A nossa abordagem é gradual e o nosso objetivo imediato é modesto, mas exige uma ação conjunta audaciosa: em 2019, queremos poder oferecer mil bolsas de estudo para estudantes de sociedades afetadas por conflitos, a fim de permitir que completem um ciclo até três anos no ensino superior", afirmou Jorge Sampaio, na Conferência 'Moving the Mandela Legacy Forward', na Universidade Nova de Lisboa.

O Presidente da República Portuguesa de 1996 a 2006 afirmou que, para concretizar o objetivo, é "necessário que todos se juntem" e contribuam para o Mecanismo Rápido de Resposta, "inspirado em Mandela".

"Nelson Mandela acreditava fortemente na educação e numa vida de aprendizagem. Tinha a forte convicção de que a educação é a arma mais poderosa que pode ser usada para mudar o mundo. Queremos dar oportunidades no ensino superior a jovens que enfrentam crises humanitárias ou vivem em sociedades afetadas por conflitos", disse.

Jorge Sampaio, que recebeu o primeiro prémio Nelson Rohilila Mandela, instituído pelas Nações Unidas a partir de 2015, recordou que existem atualmente "35 conflitos em todo o mundo" e notou que "89,2 milhões de jovens entre os 18 e 24 anos vivem nesses países".

Inspirado "nos valores e na visão para o futuro" de Nelson Mandela, Presidente da África do Sul de 1994 a 1999, Jorge Sampaio instou a comunidade académica à criação de um fundo de solidariedade.

Jorge Sampaio afirmou que "se cada um de todos os estudantes do mundo der um euro por ano", poder-se-á "atingir 230 milhões de euros por ano" e fazer "a verdadeira diferença na vida de muitos jovens".

O ex-chefe de Estado afirmou ser movido pela "forte convicção de que o único caminho para abraçar o legado de Mandela e mantê-lo vivo é mostrar que se pode construir um mundo formado pela paz, justiça e oportunidade".

No encerramento da conferência sobre Nelson Mandela, Prémio Nobel da Paz em 1993, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, enfatizou "a determinação de um homem que quebrou barreiras - do medo, da violência, do ódio - que desceu aos infernos e subiu ao cume da montanha".

A governante sublinhou "a coragem da intransigente determinação" de Mandela e realçou "o advogado na sua dimensão integral de lutador pela causa da justiça, da liberdade, da não discriminação e da paz, cujo exemplo de vida inspirou e continuará a inspirar gerações de mulheres e homens em África e em todo o mundo".

"Na sua dimensão de homem de leis, Mandela assumiu o direito como arma essencial para combater a injustiça", reforçou.

Francisca Van Dunem afirmou a necessidade de "quebrar o silêncio" e de ação no quotidiano "para a disrupção do ódio, para a eliminação da violência e da discriminação", porque "onde estiver a injustiça, a falta de solidariedade, a discriminação, a iniquidade, está Mandela".

Salientando que Mandela "foi um exemplo ímpar daquilo que o mundo hoje mais precisa: de entendimento, de capacidade de diálogo, de criação de pontes", a ministra frisou que "o Governo de Portugal reafirma o seu compromisso com o escrupuloso respeito pelos direitos humanos e com a paz".

"A paz não é só a ausência de guerra. É realização integral dos programas das várias gerações de direitos humanos e é justiça, nas suas várias dimensões", concluiu, na intervenção na conferência, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Nelson Mandela.

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