Casa do Gaiato em Paredes queixa-se de perseguição pela Segurança Social
A Casa do Gaiato em Beire, Paredes, considerou hoje estar a ser "vítima de perseguição" pela Segurança Social e admitiu a possibilidade de uma queixa-crime, disse à Lusa o responsável da instituição.
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Júlio Pereira, padre que dirige o equipamento de solidariedade social ligado à Igreja, lamenta que a Segurança Social tenha hoje estado na instituição "para tentar levar mais utentes", numa altura em que já foi iniciado um processo de diálogo com a tutela, envolvendo também a Diocese do Porto e a Confederação das Instituições da Solidariedade Social.
O responsável afirmou, por isso, não compreender mais esta ação do Instituto da Segurança Social (ISS), defendendo, a propósito, "medidas mais duras" da instituição de solidariedade, nomeadamente o recurso aos tribunais.
"Há uma vontade de fechar o Calvário a todo o custo e isso não se pode aceitar de maneira nenhuma", exclamou, considerando ser "mais do uma obrigação" endurecer a posição face à tutela, porque "esta é uma situação inconcebível".
Júlio Pereira esclareceu que nas instalações da Casa do Calvário e na Casa do Gaiato em Beire, ambas geridas pela Obra do Padre Américo, esteve hoje uma procuradora do Ministério Público, acompanhada de militares da GNR, no contexto de um mandado de busca e apreensão.
"Fizeram uma vistoria a toda a casa para ver se encontravam alguns indícios de maus-tratos. Viram tudo e fotografaram. Tanto quanto sei, conforme começaram, assim terminaram, não houve nada que tivessem encontrado", contou.
Nas instalações, indicou ainda, esteve também "um grande número" de técnicos da Segurança Social, "com intuito de retirar os restantes doentes e rapazes do Calvário e da Casa do Gaiato de Beire".
"Tentaram levar os doentes, que neste momento são oito. Aqueles que têm capacidade para dizerem o que querem, recusaram-se, disseram que queriam ficar e não mais interferiram com eles", contou o responsável.
"Quanto aos restantes doentes que não têm essa capacidade de se manifestar, nem legal, nem pessoal, a procuradora entendeu que deviam ficar", acrescentou.
No grupo de 14 rapazes da Casa do Gaiato de Beire, seis disseram pretender sair e foram levados pela Segurança Social, informou, lamentando o sucedido.
"Eles são muito inocentes, são muito limitados no conhecimento da realidade. Houve seis que disseram que queriam ir e foram. Os restantes oito quiseram permanecer", anotou.
O Instituto de Segurança Social (ISS) informou ter hoje iniciado o encerramento da Casa do Gaiato, em Beire, Paredes, em cumprimento de um mandado judicial, retirando os utentes do estabelecimento.
Contudo, o padre Júlio Pereira disse à Lusa que a instituição não foi encerrada e que vai manter-se em funcionamento. Apesar das dificuldades, afirmou acreditar ser ainda possível reverter a atual situação e criar condições para que os 25 doentes levados em novembro numa anterior visita da Segurança Social para outras instituições e os seis rapazes levados esta quinta-feira possam regressar à instituição.
"É uma questão de justiça, porque ali é a casa deles há muito anos, é a família deles e é ali que querem estar", defendeu.
Recordou, a propósito, que o processo negocial com a tutela tem justamente como objetivo ver o que é necessário alterar no funcionamento da instituição para que a mesma possa ser aceite pela Segurança Social.
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