Declarações de Cabrita "reforçaram o azedume, a ofensa e o desrespeito"
O 'braço de ferro' entre bombeiros e Governo mantém-se. Jaime Marta Soares apresentou os números de adesão ao protesto dos bombeiros, revelando que 85% das corporações não reportam informações operacionais ao CDOS e ao INEM.
© Global Imagens
País Marta Soares
Desde a meia-noite do passado sábado que os bombeiros suspenderam a comunicação de toda a informação operacional aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS). Desde então, tem-se assistido a um verdadeiro ‘braço de ferro’ entre bombeiros e Governo. Em declarações aos jornalistas, Jaime Marta Soares esclareceu, ao final da tarde desta terça-feira, que “as decisões” tomadas “não são da Liga”, já que esta “é apenas a intérprete da vontades dos bombeiros de Portugal”.
Na base do descontentamento dos bombeiros está “um compromisso que o Governo não respeitou”. O Ministério da Administração Interna “comprometeu-se a ouvir a Liga antes da aprovação do projeto de lei em Conselho de Ministros o que não fez”, alegou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses. Para além disso, defendeu ainda, “apresentámos há muito propostas que o Ministério ignorou conforme fica demonstrado nos documentos” disponibilizados aos jornalistas, nomeadamente aquele que foi “entregue em 1 de fevereiro de 2018 e que demonstra quem fala verdade”.
A proposta de alteração à lei orgânica da Proteção Civil tem, no entendimento da Liga, “graves ataques ao funcionamento e organização dos bombeiros”, já que revela que não foram aceites propostas como “a criação de uma direção nacional de bombeiros autónoma e independente com orçamento próprio, do cartão social de bombeiro, e ainda a aplicação de normas legais que contemplem as carreiras de bombeiros assalariados das associações humanitárias e das equipas de intervenção permanente idênticas às criadas para os sapadores de bombeiros”.
Já em relação ao protesto assumido, Jaime Marta Soares assegura que o não reporte ao CDOS “nunca pôs em causa a defesa da vida e dos haveres da população portuguesa. Não está, não esteve nem nunca estará [em causa a prestação de socorro]”. E por isso mesmo “não se devem fazer afirmações que coloquem em causa aquilo que os bombeiros portugueses, legitima e democraticamente, assumiram numa tentativa de chamar a atenção dos poderes instituídos daquilo que são situações inadmissíveis”.
Na conferência de imprensa o porta-voz da Liga aproveitou ainda a oportunidade de apresentar os números de adesão ao protesto: “Aderiram a não reportarem ao INEM ou ao CDOS 85%” das corporações.
Jaime Marta Soares rejeitou também a acusação de irresponsabilidade de que os bombeiros têm sido alvo, acusando, isso sim, o ministro com a pasta da Administração Interna de “atitudes irresponsáveis” quando “com os seus alertas levantou e colocou em pânico a opinião pública afirmando que estaria em causa o socorro em Portugal”.
As afirmações de Eduardo Cabrita na entrevista desta segunda-feira na antena da RTP 3 “não só não inverteram as ofensas desrespeitadoras e humilhantes como reforçaram o azedume, a ofensa e desrespeito ao apelo feito pelo Presidente da República para que houvesse contenção nas palavras no sentido de abrir portas ao diálogo”.
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