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Crise potencia aumento do consumo de álcool e drogas

João Goulão, director-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), disse esta sexta-feira em Coimbra, que se assiste em Portugal a um agravamento do consumo de álcool e drogas devido à crise.

Crise potencia aumento do consumo de álcool e drogas
Notícias ao Minuto

19:11 - 21/09/12 por Lusa

País Dependência

“Com as condições difíceis que franjas importantes da população vão sentindo, estamos a ver algum recrudescimento de consumos muito ligados ao alívio do sofrimento”, afirmou João Goulão, um dos oradores no 2.º Encontro da Associação Portuguesa de Adictologia, da Associação Portuguesa para o Estudo das Drogas e das Dependências (APEDD).

À margem do evento, João Goulão disse que “a substância mais preocupante neste contexto é o uso, excessivo e diário, de álcool”. “É o primeiro grande reflexo”, referiu.

Segundo este responsável, “há também um certo recrudescimento do consumo de heroína, sobretudo pela via injectável. “É um aumento que ainda não conseguimos traduzir em números, são dados empíricos que nos chegam do terreno”, referiu.

De acordo com João Goulão, trata-se de consumos “que tinham vindo a baixar nos últimos anos e em relação aos quais há agora um certo recrudescimento”. Algumas destas pessoas têm “um passado de toxicodependência, conseguiram parar os seus consumos, conseguiram construir as suas vidas mesmo com alguma precariedade [...], mas estão na primeira linha da fragilidade social: quando sobe o desemprego, as dificuldades económicas, são das primeiras” a ser afectadas.

“Como têm dificuldades em lidar com a frustração e com a adversidade, com alguma frequência são tentadas a voltar aos padrões de vida anteriores”, adiantou o director-geral do SICAD.

Também o presidente da APEDD, João Curto, referiu que, “em situação de crise, é natural que as pessoas recorram mais aos consumos”, nomeadamente ao álcool.

Em relação ao aumento dos consumos das “drogas mais acessíveis e ligeiras”, o psiquiatra disse que, em condições sociais e económicas difíceis, e “em situações de angústia ou desespero, o ser humano acaba por se agarrar a qualquer coisa que lhe faça, pelo menos, esquecer temporariamente” essas dificuldades.

Também com base em dados empíricos, João Curto corroborou a percepção de que se está a retomar alguns níveis de consumo de heroína em todas as camadas etárias, exemplificando com pessoas que começaram a consumir com idades acima dos 50 anos, muitas delas por situações de desemprego. “É nitidamente uma consequência da crise, por desemprego, por falta de meios de subsistência para a família”, sustentou.

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