"Posição dominante da China só favorece Portugal se UE for grande poder"
O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes (1976-1986) defendeu hoje que a crescente posição dominante da China em termos económicos pode beneficiar Portugal, mas só no caso de a União Europeia conseguir afirmar-se como um grande poder.
© Global Imagens
País Ramalho Eanes
Em entrevista à Agência Lusa a propósito dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas Portugal-China, que se assinalam esta quinta-feira, o general Ramalho Eanes considerou que a posição dominante de Pequim "pode beneficiar ou pode prejudicar" Portugal.
Na última década, a China tornou-se um dos principais investidores em Portugal, ao comprar participações em grandes empresas nas áreas da energia, seguros, saúde e banca. Ao mesmo tempo, centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal através dos vistos 'gold'.
"Embora Portugal tenha relações privilegiadas com a China, Portugal está integrado na União Europeia [UE]" e deve integrar-se na estratégia do continente, "se a UE vier a ser os Estados Unidos europeus ou a república europeia, se tiver unidade, unidade económica, unidade social ou unidade política, unidade militar também, unidade na política externa".
"Se a Europa se afirmar como um grande poder tranquilo -- porque a Europa teve uma experiência de guerras e de custos das guerras que nenhuma outra potência no mundo tem -, se a Europa for isto (...), se ela fizer esta afirmação internacional geopolítica, a Europa está em condições de impor negociações nos grandes problemas", acrescentou.
Nesse caso, referiu, "o facto de a China ser um grande poder, uma grande potência, só pode beneficiar a Europa, beneficiar o mundo e beneficiar Portugal".
Caso contrário, "se a Europa não conseguir essa unidade e continuar a percorrer este caminho sem estratégia, sem mobilização e sem futuro (...), a China pode ser uma potência hegemónica complicada, dado que ela vai conseguir discutir a hegemonia, pelo menos no [oceano] Pacífico, com os Estados Unidos e nós sabemos que a discussão entre as grandes potências pode conduzir a situações complicadas nomeadamente situações de guerra", advertiu.
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