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Caso Jamaica? Portugal pediu desculpas e "irritante" já não existe

O Governo angolano garantiu hoje que "não existe qualquer irritante" nas relações entre Angola e Portugal, salientando, paralelamente, que o "Caso Jamaica", com críticas à atuação da polícia, está ultrapassado, depois de uma atuação "discreta" das duas partes.

Caso Jamaica? Portugal pediu desculpas e "irritante" já não existe
Notícias ao Minuto

14:13 - 04/03/19 por Lusa

País Manuel Augusto

Em conferência de imprensa realizada hoje em Luanda, destinada a fazer o "lançamento" da visita a Angola do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que começa oficialmente quarta-feira, Manuel Augusto lembrou que as autoridades angolanas acompanharam, em conjunto com as congéneres portuguesas, o assunto desde o primeiro momento.

Em causa o incidente entre moradores angolanos daquele bairro, no concelho do Seixal, e a polícia, ocorrido em janeiro e que deu origem depois a uma manifestação realizada em Lisboa, em que se registaram incidentes entre manifestantes e polícias.

Manuel Augusto escusou-se a comentar o tratamento que as autoridades e a imprensa de Portugal deram ao assunto, considerando uma "matéria interna" portuguesa, apesar das críticas, nos dois países, à atuação da polícia.

"O que talvez seja aqui de sublinhar é que as autoridades angolanas não se fizeram acompanhar da imprensa, nem a chamaram para se fazer acompanhar. A nossa embaixada e o nosso consulado, sob nossa orientação, acompanhou a família afetada até ao tribunal que julgou o jovem que foi indiciado [por agressões a agentes da polícia]. O resultado desse julgamento foi aceitável e o jovem está em liberdade. Angola fez o que tinha de fazer", disse.

"Quero aqui assegurar que o Governo angolano, através dos seus representantes em Portugal, assumiu as suas responsabilidades, estabeleceu pontes de diálogo com as autoridades portuguesas, condenou o uso excessivo da força, tal como também o fez tem relação ao respeito às autoridades (policiais portuguesas). Tivemos uma atitude permanente, sem muito barulho, mas eficaz", salientou.

Por outro lado, Manuel Augusto salientou ter estado em contacto com o homólogo português, Augusto Santos Silva.

"Teve a hombridade de me ligar, não só para apresentar desculpas, mas também para sublinhar a forma, com sentido de Estado, como as autoridades angolanas reagiram", sublinhou.

Desculpas? Governo português só confirma o telefonema

Num esclarecimento enviado à Lusa, o gabinete de Augusto Santos Silva nada reconhece sobre o alegado pedido de desculpas de Portugal, confirmando apenas que os chefes da diplomacia dos dois países "falaram por telefone", por iniciativa de Augusto Santos Silva, "logo após os incidentes do bairro da Jamaica", a 20 de janeiro.

Mais, acrescenta o comunicado, os dois ministros abordaram depois o mesmo tema dias depois, a 15 de fevereiro, em Luanda, "quer na reunião bilateral, quer na conferência de imprensa conjunta", mas sublinhando que "em ambas as ocasiões", a mensagem do Ministério dos Negócios Estrangeiros português "foi sempre a mesma".

Passou por "lamentar a ocorrência daquele incidente", por "agradecer a forma como as autoridades angolanas - quer a embaixada em Lisboa, quer o Ministério do Interior - reagiram" e ainda por "comunicar que Portugal manteria Angola informada dos desenvolvimentos e conclusões dos inquéritos em curso".

Em causa está o incidente entre moradores angolanos daquele bairro, no concelho do Seixal, e a polícia, ocorrido em 20 de janeiro e que deu origem depois a uma manifestação realizada em Lisboa, em que se registaram incidentes entre manifestantes e polícias. Os incidentes naquele bairro do distrito de Setúbal foram alvo de um inquérito entretanto aberto pelo Ministério Público.

[Notícia atualizada às 17h48]

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