Serviço de Saúde da Madeira repudia acusações e nega cirurgias canceladas
A presidente do conselho de administração do Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram) repudiou hoje as críticas feitas pelo responsável da Unidade de Medicina Nuclear do Hospital do Funchal e sublinhou que nenhuma cirurgia foi cancelada.
© Lusa
País SESARAM
Em declarações aos jornalistas, no Funchal, Tomásia Alves considerou que as acusações de Rafael Macedo ao serviço e a alguns colegas são "infundadas, falsas e injuriosas", e referiu que "hoje foram suspensos os exames de medicina nuclear porque houve ausência do médico responsável pela unidade nos últimos dois dias".
"E nós não tínhamos informação se ele hoje viria ou não ao serviço", referiu.
Por isso, foi decidido "suspender os exames hoje de forma a que estejam reunidas todas as condições para a serenidade da prestação" dos serviços prestados, mas "nenhum doente é prejudicado, todas as situações estão acauteladas, nenhuma cirurgia foi cancelada".
Esta manhã, Rafael Macedo disse que foram suspensos, hoje e na sexta-feira, exames e cirurgias num serviço com "doentes urgentíssimos": "Não recebi qualquer notificação do Sesaram. Hoje de manhã, quando aqui cheguei, estavam a mudar fechaduras e foram anulados os exames e o bloco operatório. Não sei o que se passa, nem a administração contacta comigo", disse à Lusa.
O responsável da Unidade de Medicina Nuclear foi ouvido na quarta-feira no âmbito de uma comissão parlamentar de inquérito na Assembleia Legislativa da Madeira, constituída depois de ter denunciado que estavam a ser encaminhados pacientes para fazer exames de medicina nuclear numa clínica privada da região, enquanto a sua própria unidade, inaugurada em 2013 e certificada em 2017, estava "praticamente parada".
Perante os deputados, o médico Rafael Macedo também acusou "alguns colegas" de "forte negligência" e de fornecerem tratamentos que "não são adequados", apontando ainda deficiências nas fichas clínicas e no registo de doentes.
O médico referiu ter denunciado "várias irregularidades" à Ordem dos Médicos.
Hoje, o conselho de administração do Sesaram convocou a comunicação social para "reiterar a confiança total e inequívoca no seu corpo clínico e restantes profissionais" dos serviços do Hospital do Funchal.
"E repudia as acusações infundadas, falsas e injuriosas do doutor Rafael Macedo, proferidas no âmbito da comissão parlamentar de inquérito da Assembleia Legislativa da Madeira", declarou a presidente deste órgão, Tomásia Alves, lendo um comunicado.
A responsável salientou ser "inequívoca a idoneidade, competência dos profissionais de saúde" do hospital que "asseguram com maior dedicação, competência e zelo a prestação dos cuidados aos utentes".
A administração também expressou "publicamente a sua total confiança em todos os médicos desta instituição e demais profissionais, com destaque para os diretores de serviço que foram alvo de referência" na comissão parlamentar de inquérito.
"As acusações infundadas de irresponsabilidade são uma ofensa à instituição e aos seus profissionais, com repercussões na credibilidade e confiança, e serão alvo das medidas adequadas", sublinhou.
Quanto questionada sobre a eventual suspensão de Rafael Macedo, Tomásia Alves mencionou apenas que decorre um inquérito e que "os procedimentos estão previstos na lei e são esses que vão ser acautelados".
"Se houver matéria para continuar, vai continuar; se houver para continuar a trabalhar, vai trabalhar; se houver matéria para suspensão, é isso que vai acontecer", argumentou.
Contudo, destacou não existir "nenhuma intenção determinada para fazer A ou B".
O médico, referiu a responsável, "está em funções" e "os exames serão retomados quando forem devolvidas a serenidade dos profissionais para garantir qualidade dos registos, a segurança dos doentes e a integridade dos profissionais e dos utentes".
Entre 2009 e 2018, o Governo Regional da Madeira pagou 22 milhões de euros a uma clínica do grupo Joaquim Chaves Saúde para a prestação de serviços, sendo que um milhão e 550 mil euros visou a área da medicina nuclear e o restante - mais de 90% - cuidados de radioterapia, um serviço de que o setor público não dispõe.
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