Marinha e UAlg recolhem dados oceanográficos para Observatório ibérico
A Marinha portuguesa e a Universidade do Algarve estão a realizar medições oceanográficas com um veículo submarino autónomo para reunir informação da costa algarvia que será depois concentrada pelo Observatório Costeiro Ambiental do Sudoeste Ibérico (OCASO), disse um investigador.
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País Oceano
Flávio Martins é o investigador da Universidade do Algarve (UAlg) que está a coordenar a campanha de medição oceanográfica com o apoio da Marinha e disse à agência Lusa que esta é "uma das atividades previstas no âmbito do OCASO", um projeto financiado pela União Europeia com fundos destinados à cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha e que abrange várias entidades dos dois países.
O investigador precisou que "estão envolvidos a UAlg, a Universidade de Cádis, que é a coordenadora, o Instituto Hidrográfico Português, o Instituto Oceanográfico espanhol e uma instituição espanhola chamada Puertos del Estado, que é quem gere os portos estatais espanhóis", e traçou como "objetivo global" do projeto "criar um observatório oceanográfico e ambiental" da região do extremo sudoeste da Europa.
"Iniciámos com a Marinha Portuguesa este ciclo de campanhas, temos um equipamento que é um veículo autónomo como um robô submarino, com a forma de um pequeno torpedo, e queremos realizar uma saída por mês para fazermos medições, tanto na zona do barlavento como do sotavento, e construir assim um conjunto de medidas que são bastante relevantes para aumentar o conhecimento dos processos oceânicos aqui na zona", explicou.
Flávio Martins sublinhou que esta atividade permite reunir dados que serão depois disponibilizados pela Internet e utilizados nos modelos de previsão que essas entidades têm e que vão passar a estar concentrados no Observatório, como acontece, por exemplo, com os dados de boias oceanográficas que tanto o Instituto Hidrográfico português ou os Puertos del Estado gerem autonomamente.
"Além da observação, temos também uma componente bastante importante de modelação, de modelos oceanográficos, que permitem estender as observações e fazer previsões no tempo das propriedades e das variáveis oceanográficas", afirmou.
Flávio Martins adiantou que "existem cinco modelos a funcionar neste momento", um da UAlg, "o SOMA, que é o modelo da costa do Algarve", mas "a Universidade de Cádis tem outro modelo, os Puertos del Estado são responsáveis por correr um modelo ibérico e o Instituto Hidrográfico tem um modelo de ondas", e "todos juntos formam um conjunto de modelos que irão alimentar o observatório", resumiu.
Os dados vão ser introduzidos nos modelos e as previsões vão depois poder ser utilizadas por atividades como, por exemplo, a "aquacultura" e a "observação de mamíferos", ou em situações de risco ambiental, apontou.
"Vão passar a ter dados de previsão para poderem planear as suas atividades de forma mais eficiente, segura e económica", disse, sublinhando também a capacidade que esses modelos têm para "apoiar a Autoridade Marítima Nacional na resposta a um derrame de hidrocarbonetos".
Flávio Martins deu ainda o exemplo de como os dados recolhidos pelo observatório podem ser úteis para a aquacultura de mexilhão, que é feita "off-shore" ao largo de Olhão.
"O mexilhão é muito sensível à temperatura da água, desova quando a temperatura da água atinge certo valor, e se o aquacultor tiver dados da previsão da temperatura e conseguir prever esse limite, pode recolher o mexilhão antes de desovar, porque tem mais peso", disse.
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