"Ciganos são cidadãos de 2.ª classe. Não temos direitos, só deveres"
A propósito do Dia Internacional do Cigano, que se assinala hoje, o representante da Federação Cigana Portuguesa foi o convidado, desta segunda-feira à noite, do espaço de comentário de Miguel Sousa Tavares na TVI.
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País Comentário
Eu considero-me português e cigano”. Foi desta forma que António Pinto Nunes começou a sua intervenção de hoje na antena da TVI, para de seguida afirmar que, “em contrapartida, há muitos jovens e amigos que não são reconhecidos como cidadãos de pleno direito”.
“Somos cidadãos de segunda classe, não nos são reconhecidos os mesmos direitos [da população em geral], mas temos os mesmos deveres”, acrescentou o responsável, afirmando que existe muita discriminação para com o povo cigano e, em especial, nas redes sociais onde são feitos comentários que “levam à depreciação do nosso povo e que incitam à violência e a que nos desprezem”.
Questionado por Miguel Sousa Tavares sobre o reduzido número de ciganos que frequentam a escola, António Pinto Nunes garantiu que o que dá origem a este panorama não é a proibição dos pais ciganos. O problema, explicou, reside na “falta de condições” para que as crianças ciganas possam frequentar a escola como todas as outras crianças.
“Há ciganos que fazem feiras e mercados e têm que se levantar às 5h00. Onde é que vão deixar as crianças a essa hora?”, questionou o mediador entre a autarquia lisboeta e a comunidade cigana da capital.
Além de garantir que “nem todos os ciganos vivem do Rendimento Social de Inserção”, António Pinto Nunes acusou ainda as “autarquias de não garantirem o transporte e o acompanhamento para todas as crianças” de forma igual.
Ao longo do comentário houve ainda tempo para discutir a questão do casamento entre ciganos e não ciganos, com o convidado a duvidar que Miguel Sousa Tavares permitisse que a sua filha casasse com um homem de etnia cigana. “Está a ofender-me”, disse o comentador da TVI.
Por fim, António Pinto Nunes disse ainda que há muitos ciganos que estão empregados, mas que quando os patrões descobrem a sua origem étnica acabam por ser despedidos.
“Nós tentamos equipara-nos a vocês. Tentamos fazer essa integração”, disse o responsável que terminou com uma questão: “Quero ver quem é que vai dar emprego aos estudantes ciganos que se estão a formar”.
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