"Chamas já foram, mas o inferno ficou e incendeia a alma das pessoas"
O presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande dispara em todas as direções e lamenta que desde os incêndios que tiraram a vida a 66 pessoas pouco tenha sido feito para lidar com as consequências e evitar uma nova tragédia.
© Global Imagens
País Valdemar Alves
Valdemar Alves disse, esta segunda-feira aos jornalistas, que apenas resta “esperança e coragem” às pessoas dos concelhos afetados pelos incêndios de 2017 que perderam, mais do que habitações, familiares e amigos. E criticou também o facto de haver quem “tente desviar as coisas para outros interesses”, acusando tais pessoas de viveram apenas para “criar desunião”.
“Está-lhes na massa do sangue, não têm sentido de solidariedade e responsabilidade”, apontou sem querer indicar nomes.
Em Castanheira de Pêra para a missa em memória das 66 pessoas que perderam a vida no fatídico incêndio que começou em Pedrógão Grande e se alastrou aos concelhos vizinhos, Valdemar Alves garantiu que “ainda se vive um pesadelo” naquela região que é agravado pelas “burocracias” existentes que não permitem “avançar”
“A ideia de que quem governava o país, desde o Presidente da República ao primeiro-ministro, nos deu [logo após os incêndios] é que tudo se poderia fazer e, afinal, nem tudo se pôde fazer e muita coisa ficou por fazer”, lamentou, destacando que apenas na área da Saúde é que o Governo “não está a falhar”.
O autarca, que é um dos dos 43 arguidos no inquérito às alegadas irregularidades nas ajudas à reconstrução de casas atingidas pelo fogo, disse ainda que no pós-incêndio “apareceram empresas a prometer mundos e fundos”, mas que foi apenas “show-off”.
E agora, referiu, as “chamas foram embora, mas o inferno ficou e continua a incendiar as almas das pessoas”.
Em jeito de conclusão, Valdemar Alves disse haver quem se “esteja a valer desta tragédia para fazer política” e lamentou que, em termos de reordenamento da floresta, ainda haja “muita coisa para fazer”.
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