O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses não ficou convencido com a justificação dada pela Autoridade Nacional de Emergência de Proteção Civil (ANEPC) sobre as golas antifumo inflamáveis distribuídas à população no âmbito do programa ‘Aldeia Segura’. De acordo com a Proteção Civil, o material em causa não é de "combate a incêndios" nem de "proteção individual", mas sim de sensibilização.
“É pior a emenda que o soneto”. É desta forma que Jaime Marte Soares comentou a questão, em declarações à TVI, acrescentando que a ANEPC “não tem que arranjar este tipo de desculpas”. Deve antes “assumir que errou, mandar recolher e substituir o material”.
O responsável pela Liga dos Bombeiros Portugueses realçou ainda que esta situação, que classifica de "inadmissível", “poderia ter causado feridos gravíssimos" e até "a morte da própria pessoa” que usasse aquelas golas para fugir do fogo, e questiona como é que se sensibiliza a população com um material que pode constituir uma arma.
Jaime Marta Soares não acredita que tenha existido má-fé ou negligência intencional, mas exige que se apurem todas as responsabilidades para que a situação não volte a repetir-se.
“A culpa não pode morrer solteira”, disse, acrescentando que o Ministério da Administração Interna (MAI) deve usar todos os meios para realizar um inquérito “rigoroso” e apurar quem foi culpado, sobre o qual deve recair um processo disciplinar.
Situações como esta, reforçou Marta Soares, “não podem em circunstância alguma repetir-se”. No seu entendimento, perante esta situação a Proteção Civil devia, além de apurar as responsabilidades, apresentar desculpas públicas, pondo assim “um ponto final na incompetência e ligeireza das decisões”.
E, caso a escolha pelo material das golas antifumo tenha sido motivada por questões economicistas, escolhendo-se o material mais barato, Jaime Marta Soares considera o caso “gravíssimo” e aí “atinge outro patamar que pode ter indícios criminais”, apontou. “Tem que se apurar todas as circunstâncias”, insistiu o responsável.