O primeiro-ministro, António Costa, desloca-se este domingo à Entidade Nacional para o Setor Energético, que regula as reservas energéticas do Estado, onde se vai reunir com o Gabinete Coordenador de Segurança, às 11h, para avaliar os preparativos de resposta à greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias.
Francisco São Bento, do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), e Jorge Cordeiro, do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), confirmaram este sábado que a greve dos motoristas é mesmo para avançar, acusando a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) de "falta de resposta" e o Governo de "ataque ao direito à greve", por causa dos serviços mínimos.
Recorde-se que o Executivo declarou crise energética, tendo estabelecido serviços mínimos entre os 50 e os 100%. A declaração de crise energética está em vigor a partir de hoje e até às 23h59 de 21 de agosto.
André Matias de Almeida, porta-voz da ANTRAM, contrapõe as afirmações dos sindicatos independentes. “É completamente falso que a ANTRAM tenha de dar qualquer resposta quando está desde a primeira hora disponível para negociar aquilo que foi negociado", reagiu.
"Aquilo que sai hoje deste plenário é a prova provada que o Governo deve recorrer a uma requisição civil preventiva", indicou. "Esta greve não é às empresas, é ao país e aos portugueses", avisou o representante, acusando os sindicatos de manterem uma "postura de chantagem, nunca querendo olhar a argumentos".
O Governo já admitiu recorrer à requisição civil caso não sejam cumpridos os serviços mínimos decretados (entre 50% e 100%). António Costa afirmou, inclusive, que "um Governo responsável tem de se preparar para o pior", depois de uma reunião de emergência em São Bento, na manhã de sábado.
Situação "não é dramática e muito menos de alarme"
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, reagiu ao anúncio dos sindicatos independentes, depois de reunir com elementos da Proteção Civil e do regulador dos combustíveis. O governante assegurou que a "rede de emergência permitirá responder às necessidades de funcionamento de funções prioritárias do Estado".
A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) também não alinhou com uma postura de alarme e garantiu que a situação nos postos de abastecimento "não é dramática e muito menos de alarme". A Apetro admitiu "carência de alguns produtos, nalguns postos", mas asseverou que "grande parte" dessas carências foi reposta durante o dia.
"É preciso termos em consideração que é uma greve por tempo indeterminado, mas tudo indica que, pelo menos inicialmente, não haverá nenhum problema de maior", concluiu.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), por seu turno, disse que não se devem verificar perturbações no fornecimento de produtos, realçando a importância do "o cumprimento dos serviços mínimos" para "minimizar os possíveis impactos".