"É errado pensar que alimentos com mais açúcar fazem as crianças felizes"

A entrevistada de hoje do Vozes ao Minuto é a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), Maria João Gregório.

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Andrea Pinto
25/09/2019 09:40 ‧ 25/09/2019 por Andrea Pinto

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Maria João Gregório

Foi no passado de 21 de agosto que ficou estabelecido que a partir de outubro - já na próxima semana-, os alimentos com demasiado açúcar dirigidos a menores deixarão de ser publicitados. A Direção-Geral da Saúde foi incumbida de identificar os produtos alimentares com elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos saturados e ácidos gordos 'trans' para que a sua promoção seja proibida junto dos menores de 16 anos.

Foi esta a medida que deu o mote para uma conversa com a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), Maria João Gregório,  que em entrevista revela qual a mais-valia da restrição da publicidade destes alimentos, apesar de continuarem disponíveis nas prateleiras dos supermercados.

Defensora acérrima de que uma alimentação saudável não é sinónimo de uma alimentação sem sabor, a nutricionista revela-nos ainda qual é o 'calcanhar de aquiles' na alimentação dos portugueses e de que forma é que, em conjunto com a Direção Nacional de Saúde, tentará tornar as mesas dos portugueses mais diversificadas e saudáveis.

A verdade é que uma alimentação saudável também é uma alimentação que pode ser e que é saborosaA partir de outubro, passa a ser proibida a publicidade a menores de 16 anos de alimentos que contenham demasiado açúcar. O que representa esta medida?

A Direção-Geral de Saúde publicou um despacho que define o perfil nutricional dos alimentos, ou seja, os limites para os teores de açúcar, sal, ácidos gordos saturados e ‘trans’ e o valor energético a que os alimentos devem corresponder. Estes valores são valores limite, o que significa que se aquelas categorias de alimentos que estão ali identificadas ultrapassarem os valores estabelecidos elas não poderão ser promovidas e não poderão ser publicitadas.

A publicidade a alimentos influencia os comportamentos alimentares das crianças. Nós sabemos que este é um dos grupos de população que é mais permeável à publicidade e existem até alguns estudos que mostram que a associação entre a exposição à publicidade e ao aumento da ingestão energética e do consumo de alimentos que têm elevados teor de gordura e de açúcar é mais forte naquelas crianças que têm peso mais elevado e têm excesso de peso ou obesidade. Por outro lado, sabemos também que a publicidade a alimentos acontece sobretudo a alimentos que têm um perfil nutricional menos adequado.

Neste sentido, é de facto uma medida muito importante porque aquilo que condiciona a elevada prevalência de excesso de peso e da obesidade infantil nos dias de hoje é muitas vezes um ambiente a que costumamos chamar de ambiente obesogénico, que é aquele que promove escolhas alimentares menos adequadas e a publicidade é um dos fatores deste ambiento obesogénico e para o qual importa ter uma intervenção de modo a conseguir introduzir algumas restrições a esta publicidade.

A publicidade passa a ser proibida mas os alimentos continuam a estar disponíveis nos supermercados. Assim sendo, de que maneira é que esta nova medida pode realmente ter impacto?

De facto, esta lei é muito específica e direcionada para controlar a publicidade. Mas, sabendo nós que a publicidade influencia os comportamentos e as nossas escolhas, a não publicidade a estes alimentos pode por si só ser um fator que pode incentivar as pessoas a não consumi-los. Naturalmente, eles continuam a existir mas o facto de não existir um apelo ao seu consumo pode ser um fator importante para modelar escolhas alimentares e não haver essa promoção e um consumo tão elevado.

É errado pensar que os alimentos que têm um teor de açúcar e de gordura mais elevados e mais valor energético fazem as nossas crianças felizesCom esta medida põe-se fim a anúncios que, para muitos, marcaram a infância e que, ainda hoje, fazem parte das memórias. Estamos a tornar as crianças mais saudáveis, mas menos felizes?

Não, não me parece que seja o caso. A verdade é que uma alimentação saudável também é uma alimentação que pode ser e que é saborosa. É errado pensar que os alimentos que têm um teor de açúcar e de gordura mais elevados e mais valor energético fazem as nossas crianças felizes. Não considero que assim seja.

Qual continua a ser a maior ameaça na implementação de uma alimentação saudável junto dos mais novos?

Nós o que sabemos - e que são dados recentes do último inquérito alimentar nacional que foi feito à população portuguesa - é que é nos mais jovens - crianças e adolescentes - onde conseguimos encontrar comportamentos alimentares mais desequilibrados e uma das questões que posso salientar é, por exemplo, o baixo consumo de fruta e de produtos hortícolas. Temos mais de metade das crianças portuguesas e adolescentes a não atingir o que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

Por outro lado, e falando de alguns alimentos que não fazem parte de um padrão alimentar saudável, temos as bebidas açucaradas, os refrigerantes. Existe uma elevada percentagem das crianças e adolescentes, cerca de 40%, que consome estas bebidas diariamente. Temos de facto muito a fazer nesta área e a verdade é que temos medidas específicas para modelar estes comportamentos.

No caso dos refrigerantes, temos um imposto especial de consumo sobre estas bebidas e que contribuiu para uma redução do teor de açúcar destas bebidas. Temos também medidas específicas para promover o consumo de hortofrutículas junto das crianças, em particular, um regime de frutas escolar que as distribui nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico. Mas há ainda muito a fazer e este é um dos grupos prioritários onde é necessária uma intervenção mais forte porque sabemos que as escolhas alimentares ou hábitos alimentares desta faixa etária serão determinantes para aqueles que são os gostos ou hábitos alimentares no futuro e é de facto muito importante ter aqui uma estratégia concertada para este grupo.

Nos últimos anos a alimentação nas escolas portuguesas melhorou. Contudo, o cenário não é perfeito ainda Falava sobre o imposto especial de consumo sobre as bebidas com muito açúcar. Recentemente foi divulgado que apesar do aumento do preço, não se registou um menor consumo dessas bebidas.

Confesso que ainda não tive oportunidade de ler esse estudo mas parece-me que a principal conclusão não será necessariamente essa. Aquilo que de facto temos encontrado, e já fizemos vários estudos para avaliar o impacto dessa medida, é que a mesma pode ter um efeito em várias áreas.

Por um lado, pela via do aumento do preço pode haver uma diminuição do consumo e aquilo que os estudos mostram é que é preciso haver um aumento de 20% no preço de um alimento para que possa haver um efeito na diminuição do consumo.

Mas, na verdade, o impacto mais relevante desta medida tem precisamente a ver com o incentivo à formulação destes produtos alimentares. E aqui refiro-me ao que disse há pouco que tem a ver com a diminuição da quantidade de açúcar presente nestas bebidas. Portanto, ainda que a população portuguesa esteja a consumir uma quantidade de refrigerantes muito semelhante ao que estava no período anterior, aquilo que se verifica é que está neste momento a consumir uma quantidade que tem menos açúcar. 

Relativamente às medidas para implementar uma alimentação mais saudável nas escolas, ainda nos dias de hoje há muitas crianças que não querem, nem gostam, de comer na escola porque se queixam da má qualidade e da falta de sabor da comida. Como é que se ultrapassa esta dificuldade?

Diria que, provavelmente, nos últimos anos a alimentação nas escolas portuguesas melhorou e a verdade é que hoje em dia a maior parte dos serviços de alimentação das escolas tem todo o processo de elaboração das ementas controlado por nutricionistas, na medida em que são empresas que fornecem este serviço e que têm estes técnicos nos seus quadros. Contudo, o cenário não é perfeito ainda e claramente que há aqui um espaço grande para melhorar.

Devo dizer que o Ministério da Educação tem orientações muito claras nesta matéria e que foram também desenvolvidas em parceria com a Direção Geral da Saúde. Contudo, provavelmente, será necessário haver um maior trabalho na área da fiscalização e da verificação para ver se de facto aquilo que está definido nestas orientações está a ser cumprido.

A verdade é que é possível ter uma alimentação saudável a baixo custoSomos conhecidos em todo o mundo como um dos países mais ricos em termos gastronómicos. Ser-se mais saudável, significa termos de perder esse rótulo?

Não necessariamente, e a verdade é que se pensarmos naquilo que é o padrão alimentar mediterrânico, segundo o qual os nossos hábitos alimentares estão muito alinhados, e sendo esta dieta aquela que tem um dos padrões alimentares mais saudáveis, a verdade é que são coisas perfeitamente compatíveis.

Naturalmente que nem todas as receitas são perfeitas no que diz respeito àquilo que é o equilíbrio nutricional. Provavelmente, conseguimos encontrar no nosso receituário muitas receitas que podem perfeitamente ser integradas num padrão alimentar saudável. Outras poderão ter de ter um ligeiro ajuste para que elas possam ter um equilíbrio nutricional mais relevante.

Ainda assim, temos uma variedade tão grande que conseguimos facilmente, e em muitos pratos com pequenas alterações, fazer um prato equilibrado do ponto de vista nutricional. Portanto, não precisamos de modificar muito aquilo que são o nossos hábitos alimentares tradicionais.

Para manter esta vida saudável, é preciso estar disponível para ter mais gastos, visto que é um tipo de alimentação que uma maior exigência a nível financeiro. Há perpetivas para alguma mudança neste sentido?

A verdade é que é possível ter uma alimentação saudável a baixo custo. Durante o período de crise económica, nós fizemos precisamente um conjunto ainda alargado de materiais precisamente com esse objetivo de mostrar como é possível fazer uma alimentação saudável, gastando pouco. Publicámos um livro nessa altura, fizemos alguns cursos online e gratuitos, e a verdade é que é possível mas exige algum treino e alguma capacitação por parte da população e foi isso que tentámos fazer.

Por outro lado, também sabemos que há grupos específicos  da população que têm de facto dificuldades sérias para conseguirem ter acesso aos alimentos. Portugal tem um programa de ajuda alimentar a pessoas carenciadas e recentemente reformulámos este modelo de ajuda. É um programa que é da responsabilidade do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e no qual o Ministério da Saúde participa ativamente na definição de um cabaz de alimentos que atualmente é distribuído mensalmente a um conjunto ainda alargado de famílias carenciadas em Portugal.

E, pela primeira vez, temos cabazes que apresentam na sua constituição produtos hortícolas que habitualmente nunca faziam parte dos modelos de ajuda alimentar e apresentam também carne e pescado. Esta foi também uma das nossas grandes medidas nos últimos anos e que de facto faz deste programa de ajuda alimentar portuguesa pioneiro a nível europeu.

É um programa com um prazo de duração específico de ajuda?

Sim, foi um programa que teve início talvez em 2017 . É um programa que tem duas fases. Para a segunda fase foi feita até uma revisão ao cabaz que esteve em distribuição durante a primeira fase, porque foi feito um inquérito às famílias e uma avaliação do que é que correu bem e menos bem. E , com base nisso, fazemos alguns ajustes. Por um lado, para aumentar a diversidade dos alimentos, por outro, para tentar ajustar os alimentos que são distribuídos sempre que possível, sem no entanto perder o equilíbrio nutricional mas tentando também ajustá-lo às preferências alimentares destes grupos da população. 

Diria que nunca se falou tanto de alimentação como nos dias de hoje. E muitas vezes a quantidade da informação não é sinónimo de mais informação mas de desinformaçãoE existe algum acompanhamento no sentido de perceber se as pessoas que recebem este cabaz tentam, à parte do que lhes é oferecido, manter os mesmos hábitos de alimentação saudável?

Existem critérios para a atribuição do cabaz em função daquilo que é a situação económica das famílias. Há famílias que começaram a receber este cabaz no início e que, portanto, se podem manter até ao momento atual. Depende muito das condições económicas e da situação em que vivem. Mas a verdade é que este programa para além de distribuir alimentos também prevê que sejam feitas sessões de medidas de acompanhamento com essas famílias, precisamente para ajudar e capacitá-las para uma utilização adequada destes alimentos e também para prepará-las para uma alimentação saudável. Há esta preocupação de não só fornecer os alimentos mas também o de desenvolver um trabalho pedagógico para a importância para uma alimentação que possa de facto entrar na rotina destas famílias.

Relativamente a este carácter pedagógico de que fala, existem atualmente cada vez mais revistas, blogues e influencers que muitas vezes passam informação que não é consensual – um dia há um alimento que faz bem e no outro já não. Ate que ponto é que este excesso de informação também pode funcionar de forma errada?

Diria que nunca se falou tanto de alimentação como nos dias de hoje. E muitas vezes a quantidade da informação não é sinónimo de mais informação mas de desinformação. Isto é algo que nos preocupa e aquilo que temos tentado fazer na Direção Geral da Saúde, e em particular no programa para a promoção da alimentação saudável, é termos os nossos canais e termos um site e um blogue, o Nutritivo. Aquilo que de facto pretendemos é que cada vez mais a população portuguesa utilize as nossas redes e os nossos meios de comunicação para consultar informação na área da alimentação e da nutrição.

O blogue tem alguns anos e vamos publicando informação com muita regularidade. E a perceção que temos é que quando pretendem de facto procurar informação nesta área, esta é uma das fontes fidedignas. E é aqui que vamos continuar a investir.

Continua a ser importante distinguir o que é alimentação saudável de dieta?

Sim e não. A verdade é que nós associamos dieta quando estamos a falar de perda de peso. Podemos ter um peso adequado para a nossa altura, que é o que nos dá o IMC, mas o peso nem sempre é o melhor indicador do nosso estado nutricional e do nosso estado de saúde. Nem sempre uma coisa bate certo com a outra e aquilo que sabemos é que muitas vezes os hábitos alimentares ou o efeito dos hábitos alimentares inadequados só aparece numa fase mais tardia da nossa vida embora, cada vez mais, as doenças crónicas associadas a uma alimentação inadequada aparecem cada vez mais numa fase precoce da nossa vida. Ainda assim, o efeito não é de facto vísivel numa fase inicial e isso faz com que muitas pessoas possam não ver necessidade de alterar os seus hábitos alimentares.

Acho que o lado bom de se falar muito em alimentação saudável é que de facto existe já uma perceção por parte da população relativamente à importância e à necessidade de termos uma alimentação saudável. Porém, a percepção da importância nem sempre se traduz na alteração de comportamentos. Nem sempre é fácil modificar os nosso hábitos alimentares e muitas vezes é mais fácil modificá-los quando estamos doentes e por isso é que num contexto de promoção da saúde e prevenção da doença é muitas vezes difícil conseguirmos motivar os indivíduos para a mudança de comportamentos.

Mas diria que existe cada vez mais uma perceção sobre aquilo que é de facto o impacto que alimentação pode ter na nossa saúde e, portanto, diria que de certa forma esta informação e esta perceção vai-se refletindo nos comportamentos alimentares da população mas ainda há muito fazer.

Sabemos que a informação nutricional que está atualmente presente nos rótulos dos alimentos não é suficiente, uma grande percentagem dos portugueses não consegue de facto interpretar esta informaçãoO objetivo quando assumiu a liderança deste programa era tornar o país menos obesogénico. Como é que está a correr esta missão?

Nos últimos anos, não só desde que assumi a direção porque este é um trabalho que já vem desde 2012, altura em que foi criado o Programa Nacional para a Alimentação Saudável, tem sido um percurso bastante positivo e, em particular nos últimos anos, com uma intervenção mais consistente e mais forte nesta área de tentar modificar aquilo que está disponível para consumo e tentando tornar os ambientes alimentares mais saudáveis.

Neste sentido, temos o imposto especial de consumo sobre as bebidas açucaradas, um conjunto de iniciativas que tentam melhorar a alimentação em determinados espaços públicos, não só no contexto escolar mas também na oferta alimentar nas instituições dos serviços nacionais de saúde, e, agora também, junto das universidade que queiram ser promotoras de uma alimentação saudável, área em que estamos neste momento a receber candidaturas. O nosso objetivo é que no próximo ano as instituições de ensino superior implementem um conjunto de medidas que permita que a oferta alimentar nestes espaços seja mais adequada.

Temos também incentivado a indústria a reformular os seus produtos alimentares e, durante este ano de 2019, assinámos vários acordos com a indústria alimentar e com a distribuição para promover a redução da quantidade de sal, açúcar e ácidos gordos e ‘trans’ nos alimentos e temos agora uma lei que introduz restrições à publicidade alimentar dirigida a crianças. Este é um balanço muito rápido e breve daquilo que são as nossas últimas medidas.

E qual é a previsão para o futuro e para o impacto que estas medidas podem ter?

Relativamente ao futuro, o que temos em mente é querer continuar a trabalhar na área da reformulação dos produtos alimentares. Não foi possível numa primeira fase incluir todas as categorias de alimentos que considerávamos necessárias e vamos continuar a trabalhar nesse sentido.

Sabemos que é necessário que Portugal adote um sistema de rotulagem nutricional de carácter interpretativo, sabemos que a informação nutricional que está atualmente presente nos rótulos dos alimentos não é suficiente, uma grande percentagem dos portugueses não consegue de facto interpretar esta informação e não a utiliza para fazer escolhas alimentares mais saudáveis e esta será uma das áreas onde vamos continuar a investir.

Vamos também continuar a investir na área da literacia alimentar na população portuguesa e, neste contexto, temos prevista, em parceria com a Direção-Geral do Consumidor, fazer uma revisão à roda dos alimentos. Temos também planeada uma campanha na área da alimentação saudável para estes últimos meses de 2019, queremos começar a trabalhar com o setor da restauração, que é uma das áreas onde há um caminho longo ainda a fazer. Queremos ainda implementar alguns projetos-piloto nos cuidados de saúde primários na área da pré-obesidade. São apenas alguns pontos que posso referir do que vai ser a nossa intervenção no futuro.

E contam com a colaboração por parte do Governo para a implementação destas medidas?

Sim, nos últimos anos temos tido um forte apoio por parte do Ministério da Saúde nesta área, o que tem sido fundamental para que as nossas medidas possam de facto, ser aprovadas. É um trabalho que não depende só da equipa técnica do programa da Direção-Geral da Saúde, sendo preciso que exista apoio do ponto de vista político. Nos últimos anos isso tem de facto acontecido, o que tem contribuído para que estas medidas tenham vindo a ser implementadas.

 

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