O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes acusou o Ministério Público (MP) de o ter ameaçado durante o interrogatório para que entregasse o telemóvel pessoal, avança a SIC Notícias.
No processo de Tancos, a que o canal de Paço de Arcos diz ter tido acesso, os procuradores do MP garantem que apenas cumpriram a lei, uma vez que o ex-governante se recusava a entregar o aparelho.
No telemóvel foram encontradas alegadas mensagens comprometedoras entre Azeredo Lopes e o deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro.
O impasse entre o ex-ministro e o MP aconteceu perante o juiz, no fim do interrogatório, a 4 de julho.
A magistrada insistiu na entrega voluntária do telemóvel, pois já o tinha visto nas mãos de Azeredo Lopes, mas o ex-ministro recusou entregar o aparelho durante mais de oito minutos.
“Há uma coisa que me incomoda muito, é a minha vida privada e a minha vida íntima que vai ficar exposta. Eu disponibilizo o telemóvel do Ministério se o tiver”, terá dito.
O MP acabou por apreender o aparelho. Duas semanas depois, a defesa de Azeredo Lopes diz que foi feita uma ameaça. Garante ainda que o arguido não recusou a entrega e afiança que Azeredo Lopes colocou de imediato o telemóvel na secretária dos procuradores depois de ter sido aconselhado a fazê-lo pelo advogado.
Os procuradores, por seu turno, rejeitam ter feito uma ameaça ao antigo ministro, assegurando que apenas cumpriram a lei e acrescentando que não foi preciso recorrer ao uso da força.
No telemóvel apreendido o MP encontrou as mensagens trocadas com o deputado do PS e que alegadamente sustentam, em parte, a acusação ao ex-ministro
Recorde-se que Azeredo Lopes está acusado de quatro crimes: denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal e abuso de poder.
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