"Há coisas que José Sócrates diz que eu não acredito"

Miguel Sousa Tavares garante que não tem uma opinião formada sobre a inocência ou culpabilidade do antigo primeiro-ministro.

Notícia

© Global Imagens

Natacha Nunes Costa
28/10/2019 23:48 ‧ 28/10/2019 por Natacha Nunes Costa

País

Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares analisou, na noite desta segunda-feira, na TVI, o primeiro dia de interrogatório de José Sócrates na fase de instrução da Operação Marquês.

O comentador garantiu que não tem “opinião formada sobre a inocência ou culpabilidade” do antigo primeiro-ministro. Contudo, diz que o estado do processo “é muito frágil para a Acusação” e que as pessoas vão começar “a abalar as suas convicções” quando ouvirem os argumentos da Defesa, porque, até agora e durante cinco anos, só “tiveram acesso à versão da Acusação".

Na sequência deste argumento, Miguel Sousa Tavares explica que a Acusação tem em mãos um processo “débil” devido a vários fatores.

“Não tem nenhuma prova direta. Não tem documentos que incriminem José Sócrates, não tem escutas telefónicas, não tem rasto de transferências bancárias a seu favor, não tem testemunhas”, revela.

Mesmo quanto à acusação de que o antigo governante beneficiou o Grupo Lena em vários concursos públicos, Miguel Sousa Tavares defende que “se isso tivesse acontecido, era impossível que não houvesse várias pessoas a saber e era impossível que nenhuma delas viesse dizer ‘sim, sim isso passou-se’”.

Mas há afirmações de José Sócrates das quais o escritor desconfia. “Há coisas que José Sócrates diz que eu não acredito. Por exemplo, não acredito que ele não tenha tido influência direta e decisiva na nomeação de Armando Vara para a Caixa Geral de Depósitos (CGD). Armando Vara é nomeado dois dias depois de se ter licenciado num desses cursos à Miguel Relvas”, sublinha.

Antes de concluir o comentário sobre o interrogatório que marcou o dia, o escritor defende que essa “influência” na CGD não quer dizer que “José Sócrates tenha dito a Armando Vara” para financiar Vale do Lobo. E que por isso, a acusação do Ministério Público (MP), “assenta em dois pressupostos. Primeiro, que o dinheiro de Santos Silva era de facto de José Sócrates e segundo, que sendo José Sócrates vem todo da corrupção”.

Não tendo prova direta disso, o MP “funciona por deduções ou presunções que o juiz aceitará ou não, sendo que este juiz [Ivo Rosa] é conhecido por exigir provas diretas”, concluiu Miguel Sousa Tavares.

Recorde-se que esta segunda-feira realizou-se o primeiro dia de interrogatório de José Sócrates na fase de instrução da Operação Marquês no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, o que irá acontecer, novamente, esta terça-feira.

José Sócrates começou a ser interrogado cerca de cinco anos após ter sido detido por suspeitas de branqueamento de capitais, corrupção, fraude fiscal e falsificação de documentos.

A Operação Marquês teve início a 19 de julho de 2013 e culminou na acusação a 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - a 11 de outubro de 2017 pela prática de 188 de crimes económico-financeiros.

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas