"A segurança e a paz no continente africano interessam-nos"
Portugal defende mais cooperação entre a União Europeia e África no sentido de eliminar a instabilidade e promover o bem-estar das populações disse hoje à Lusa o ministro da Defesa que participa numa reunião internacional sobre segurança, em Dacar.
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País João Cravinho
"A segurança e a paz no continente africano interessam-nos diretamente porque há uma grande porosidade entre os dois continentes e a instabilidade em África facilmente se traduz em dificuldades e desafios para a segurança na Europa. Neste aspeto existe um interesse direto", disse José Gomes Cravinho.
O ministro da Defesa Nacional participa no 6.º Fórum Internacional de Dacar sobre a Paz e a Segurança em África que decorre na capital do Senegal.
"A mensagem que trago a esta conferência e que foi transmitida ontem [domingo] à minha homóloga francesa é a de que temos de dar um passo qualitativo entre Europa e África em matéria de paz e de segurança", explicou frisando que há "muito trabalho a fazer" no bloco europeu.
"Nem todos os nossos parceiros da União Europeia entendem a necessidade de estarmos profundamente ligados à paz e à segurança em África e Portugal colocou para o início da presidência europeia no início de 2021 o tema das relações com África como prioridade porque tem que ver com o nosso próprio bem-estar", afirmou.
O ministro da Defesa Nacional considera os "problemas africanos" muito próximos da Europa referindo-se em concreto aos movimentos radicais islâmicos assim como ao tráfico de drogas e de pessoas.
Para Gomes Cravinho as respostas têm de ser multidimensionais porque as soluções não são "apenas" militares defendendo como necessárias propostas em matéria de condições de vida "minimamente estáveis" com criação de empregos para que ocorra uma promoção das populações com novas "perspetivas económicas e sociais".
Do ponto de vista militar, José Gomes Cravinho destacou as missões de Portugal na República Centro Africana, uma no âmbito da União Europeia e a outra enquadrada nas Nações Unidas, assim como as ações de promoção da paz na região do Sahel (entre o deserto do Saara e o Mar Vermelho), "uma região que enfrenta enormes desafios, com populações muito dispersas".
"O Estado tem enormes dificuldades para chegar ao interior de países como o Burkina Faço, Mali, o Chade ou o Níger sendo que a fragilidade nestes países facilmente se traduz nos movimentos jiadistas, traficantes de drogas e de pessoas", referiu.
Na conferência de Dacar estão representados 40 países que debatem especificamente "os desafios do multilateralismo.
O programa dos trabalhos do 6.º Fórum Internacional de Dacar aborda igualmente matérias relacionadas com o impacto de grupos terroristas e de conflitos intercomunitários em processos de paz, o financiamento das políticas africanas de paz e de segurança, bem como um balanço sobre as parcerias estratégicas regionais.
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