"Uma questão de cultura de prevenção, de procura de boas práticas, não só na gestão do território, mas acima de tudo, também, na melhoria da edificação. Por essa razão mesmo é que estou convicto que os Açores, no seu todo, autarquias, empresas e governo regional, já estão mais bem preparados para enfrentar uma crise sísmica", afirmou o governante à agência Lusa.
O responsável participou no sábado numa sessão intitulada "O que fazer perante a próxima crise sísmica nos Açores?", promovida pela ordem dos Engenheiros Técnicos, numa altura em que a zona do Faial vive uma crise sísmica, embora com fenómenos de pequena dimensão.
O diretor das Obras Públicas do Governo dos Açores destacou à Lusa que, após os sismos de 1980 (que destruiu Angra do Heroísmo, na Terceira, e provocou 73 mortos) e 1998 (que causou nove mortes na Horta, no Faial) a região muniu-se de capacidade "técnica" e "operacional", através do serviço regional de proteção civil e do laboratório de engenharia civil.
Frederico Furtado Sousa avançou que o Governo Regional pretende criar em 2020 uma bolsa para técnicos, que permita a "avaliação de infraestruturas" e das "condições de segurança" dos edificados, não só em caso de prevenção, como para permitir uma atuação "mais ágil no terreno" aquando de uma crise sísmica intensa.
O diretor regional das Obras Públicas e Comunicações assinalou que em 2020 será aplicado, em todo o país, um sistema de avisos por SMS, em caso de potenciais desastres naturais, projeto coordenado pela ANACOM com a colaboração da direção regional.
"O objetivo do sistema de aviso por SMS é poder conseguir atingir o maior número de pessoas, porque uma grande percentagem da população tem telemóvel, e sem necessidade e de estar ligado a uma rede de dados ou a uma aplicação em concreto", frisou.
O governante também considerou como uma "medida importante", a utilização da nova rede de cabos submarinos para a "deteção de sismos e tsunamis", frisando, contudo, que tal medida não depende exclusivamente o executivo açoriano.
"Na questão do aviso através da tecnologia dos cabos submarinos, tem sido estudado e vai ser alvo de um relatório a ser entregue ao governo da república na implementação dos cabos submarinos", apontou.
Desde 3 de novembro que está a ocorrer, numa zona entre os 25 e os 35 quilómetros a oeste do Faial, uma crise sísmica, que já registou mais de mil eventos, tendo a população sentido 33 sismos até ao momento.
Em declarações à Lusa na semana passada, o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, Rui Marques, considerou que, tendo em conta as magnitudes dos sismos dessa crise sísmica, "não há possibilidade de haver danos estruturais nos edifícios".