Governo “desistiu dos professores”, mas estes não desistiram dos alunos

Fenprof avalia como "muito positivo" o desempenho dos alunos.

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Natacha Nunes Costa
03/12/2019 21:51 ‧ 03/12/2019 por Natacha Nunes Costa

País

PISA 2018

A Fenprof defende que as conclusões do relatório PISA 2018, divulgado na manhã desta terça-feira, revelam que, apesar de o Governo “ter desistido dos professores”, os docentes continuam a fazer um bom trabalho e a não desistir dos alunos.

“Face aos resultados obtidos pelos alunos portugueses, pode afirmar-se que, apesar de o Governo e, em particular, o Ministério da Educação terem desistido dos professores, eliminando anos de serviço cumprido e degradando as suas condições de trabalho, os professores não desistiram dos seus alunos”, lê-se no comunicado enviado pelo sindicato dos professores ao Notícias ao Minuto.

“E os alunos reconhecem isso mesmo, ao considerarem muito positivamente (83%) a forma como os professores desempenham a sua atividade”, acrescenta o sindicato liderado por Mário Nogueira.

Do relatório, a Fenprof destaca os resultados dos alunos portugueses que “mantêm-se acima da média do conjunto de países envolvidos neste estudo, com ligeiras variações que, do ponto de vista estatístico, são irrelevantes.” Contudo, diz o sindicato, “há um dado que não poderá ser ignorado, sendo, provavelmente, o mais significativo: o acentuar da diferença entre alunos oriundos de famílias económica, social e culturalmente mais favorecidas relativamente aos provenientes de famílias de meios mais desfavorecidos”.

O que, segundo a Fenprof, “vem confirmar a apreciação feita pelos professores relativamente às políticas ditas de inclusão que o Ministério da Educação tem vindo a impor às escolas”, ou seja, “falta de recursos nas escolas para que políticas de efetiva inclusão possam vir a ser desenvolvidas com êxito”.

A Fenprof sublinha assim que é “evidente” que um melhor desempenho e melhores resultados “poderão ser obtidos se problemas como o envelhecimento dos professores e o seu crescente desgaste (que resulta, em boa parte, do sobretrabalho que lhes é imposto) forem efetivamente combatidos, com adoção de medidas concretas que são cada vez mais urgentes”.

No entanto, para isso acontecer, dizem os professores, “seria necessário que os responsáveis do Ministério da Educação, a começar pelo ministro, demonstrassem vontade de resolver esses problemas, dialogando e negociando com as organizações sindicais de professores. Acontece, porém, que, desde que tomou posse, o Ministro da Educação ainda não deu sinais de vida política”.

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