Em causa está um relato feito pela coordenadora do programa, em 11 de dezembro, numa reunião com o Conselho de Redação (CR) a propósito do programa sobre o lítio, em que adiantou que o "Sexta às 9" estava a investigar suspeitas de corrupção no âmbito do processo de encerramento do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), que passava pelo alegado recebimento indevido de "dinheiro vivo".
Nesse âmbito, Sandra Felgueiras acusou Maria Flor Pedroso de ter transmitido informação privilegiada à visada na reportagem [diretora do ISCEM, Regina Moreira], o que a diretora de informação da RTP "rejeitou liminarmente", de acordo com as atas do CR e com a posição enviada à redação pela diretora de informação da RTP na passada sexta-feira, a que a Lusa teve acesso.
Na posição escrita sobre a "verdade dos factos", Maria Flor Pedroso garante que "nunca" informou a diretora do ISCEM sobre a investigação.
"Nada foi falado sobre o contrato de compra e venda do imóvel ou outros dados da investigação. A diretora de informação limitou-se a defender os interesses da RTP ao tentar contrariar a recusa de uma entrevista", garante Maria Flor Pedroso, no texto.
De acordo com convocatória do CR da RTP, os membros do órgão consideram que "a gravidade dos acontecimentos revelados obriga à auscultação de todos os elementos da redação", pelo que é convocado um plenário de jornalistas para hoje com um único ponto da ordem de trabalhos: "situação DI/Sexta às 9".
Entretanto, até às 18:00 de domingo, mais de 130 jornalistas tinham subscrito um abaixo-assinado em defesa de Maria Flor Pedroso, uma iniciativa que arrancou na sexta-feira e conta com nomes de profissionais de várias gerações e meios, desde Adelino Gomes, Henrique Monteiro, Anabela Neves, Francisco Sena Santos, Rita Marrafa de Carvalho, São José Almeida ou Sérgio Figueiredo.
"Confrontados com o grave ataque público à integridade profissional da jornalista Maria Flor Pedroso, os jornalistas abaixo-assinados não podem deixar de tomar posição em sua defesa, independentemente das questões internas da empresa onde é diretora de informação, que manifestamente nos ultrapassam", referem os 133 jornalistas que subscrevem o documento.
No abaixo assinado, com quatro pontos, os jornalistas - de várias redações - apontam que "Maria Flor Pedroso é jornalista há mais de 30 anos, sem mácula", uma "jornalista exemplar" e "reconhecida e respeitada pelos pares".
Os subscritores defendem que a diretora de informação da RTP "é uma das mais sérias profissionais do jornalismo português", tendo chegado "por mérito ao cargo que atualmente ocupa".
Maria Flor Pedroso é "defensora irredutível do jornalismo livre, rigoroso", "sem cedências ao mediatismo, a investigações incompletas, ou à pressão de poderes de qualquer natureza", sublinham no abaixo-assinado.
Recordam ainda que a profissional "foi escolhida pelos pares para presidir à Comissão Organizadora do 4.° Congresso dos Jornalistas Portugueses, uma iniciativa que se revelou um marco na discussão dos problemas da profissão".
Maria Flor Pedroso "é frontal", "rejeita favores" e "nunca foi acusada de mentir", salientam no seu abaixo-assinado.