A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) adiantou que a tarde desta sexta-feira ficará marcada por um "agravamento do estado do tempo" que "está relacionado com novos episódios de precipitação forte e persistente que vão durar todo o período da tarde".
O agravamento do estado do tempo far-se-á sentir, previsivelmente, até cerca das 20h, "sendo depois expectável que comece a estabilizar", afirmou o comandante Pedro Nunes, no último briefing da Proteção Civil realizado às 13h.
Quanto ao vento, o cenário que se espera é "ligeiramente menos grave" do que o verificado ontem, sendo que as rejadas previstas para hoje rondam os 70, 80 quilómetros por hora.
Os distritos que serão mais afectados por estas condições durante a tarde são Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa (ao final do dia), Castelo Branco e Portalegre. Apesar do agravamento do estado do tempo, o nível de alerta mantém-se o mesmo, assim como os operacionais destacados, cerca de 21 mil.
As autoridades continuam, contudo, preocupadas com o nível dos caudais de vários rios que entre ontem e hoje galgaram as suas margens. Pedro Nunes indicou a possibilidade de inundações no Douro, com especial atenção para Régua e a foz, nas duas margens, afirmando que os caudais "não estão a estabilizar", podendo agravar-se a situação "durante a tarde e a noite". Em relação ao rio Tâmega, Pedro Nunes referiu que o caudal baixou no período da manha, mas que em Chaves e Amarante poderá agravar-se novamente.
A estas zonas de preocupação junta-se agora o Tejo. O comandante da Proteção Civil adiantou que foi ativado o plano de cheias para a bacia do Tejo, "muito por conta dos caudais que estão a ser lançados na barragem de Cedilho, em Espanha e que vão afectar a bacia toda do Tejo". Assim, alertou, "é previsível que ao fim do dia haja algumas estradas municipais e nacionais cortadas no distrito de Santarém".
"As informações que temos do IPMA é que no próximo domingo será o dia da mudança. Deixaremos de ter precipitação e este quadro de ventos que temos sofrido nos últimos dias", disse Pedro Nunes.
De acordo com o responsável, desde as 15h de quarta-feira registaram-se cerca de 7 mil ocorrências, tendo sido o Porto, seguido de Aveiro, Coimbra, Viseu, Braga e Lisboa os distritos mais afectadas sobretudo por inundações e quedas de árvores. Há, até ao momento, 77 desalojados.
A depressão Elsa, recorde-se, fez ontem as duas primeiras vítimas mortais: um homem de 50 anos no Montijo, após a queda de uma árvore, e um homem em Castro Daire, após o desabamento da sua casa. Continua desaparecido, na mesma localidade, um homem que se encontrava a manobrar uma máquina depois de um aluimento de terras, na Estrada Nacional 2. As buscas prosseguem hoje, sendo esta uma operação "lenta" e "complexa", disse a Proteção Civil em conferência de imprensa.
Em Espanha, o número de vítimas mortais à passagem da depressão Elsa subiu para três.
Rios a galgar margens, estradas cortadas
Esta sexta-feira tem sido marcada, sobretudo, pela subida no nível das águas dos rios e que levaram ao corte de estradas. Entre eles o Douro, que galgou as margens ribeirinhas do Porto e Gaia, e são esperadas cheias até amanhã. Entretanto, o nível de alerta de cheias no Douro subiu de laranja para vermelho.
O Tâmega subiu mais de três metros em Chaves e condiciona trânsito. Além disso, o transbordo deste rio causou danos em casas e equipamentos.
Também o rio Sabor galgou as margens durante a madrugada de hoje na zona ribeirinha do concelho de Torre de Moncorvo, cortando o principal acesso à aldeia da Foz do Sabor.
Em Coimbra, o troço do IC3 foi cortado ao trânsito entre o Pinhal de Marrocos e a Ponte da Portela, devido a inundações da via.