"A Quercus relembra que esta era um cenário que antecipámos. Lamentavelmente, os alertas de nada serviram e centenas de pessoas veem as suas casas em risco", refere aquela associação, numa nota enviada à agência Lusa.
No documento, a Quercus anexa um comunicado divulgado em 25 de julho de 2018, com o título "Construção de aterro do rio Mondego é um absurdo - Quercus alerta para o risco de cheias no baixo Mondego".
Nesse comunicado, a Quercus dizia que "o gigantesco aterro que está a ser efetuado no rio Mondego vai provocar graves problemas em termos de retorno das cheias e assoreamento do rio, com prejuízos para todo o vale do Mondego a jusante de Coimbra, nomeadamente para a produção agrícola e nas localidades ribeirinhas.
A associação acrescentava ainda que a delegação do Centro da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não permitiu a consulta da documentação do processo e que por isso pediu, na altura, o "esclarecimento público e a responsabilização pelos prejuízos decorrentes deste projeto".
"O projeto previa dragar o rio Mondego, com três localizações possíveis para a deposição temporária dos inertes dragados em cerca de 50 hectares, junto da cidade de Coimbra. No entanto, também prévia que os inertes excedentários fossem depositados no leito do rio a jusante do açude-ponte, apesar de existirem estudos que referem que este troço do Mondego está também assoreado. Deste modo, a decisão da APA -- Agência Portuguesa do Ambiente - de permitir a deposição dos inertes no leito do rio no baixo Mondego foi incompreensível", dizia ainda o comunicado de 2018.
Os impactes sobre a fauna fluvial e nomeadamente sobre os peixes migradores, de que são exemplo o sável, a lampreia-marinha ou a enguia-europeia, não foram devidamente acautelados, também questionou na altura a Quercus.
Apesar de tudo, o comunicado garantia que o "'Desassoreamento da Albufeira do Açude-Ponte em Coimbra' promovido pela APA -- Agência Portuguesa do Ambiente e Câmara Municipal de Coimbra é necessário, devido à má gestão da bacia hidrográfica do rio Mondego e tem como objetivo principal reduzir o risco de cheias na cidade de Coimbra".