Depois de o Jardim Zoológico de Lisboa ter lançado uma campanha de angariação de fundos para ajudar os animais da Austrália afetados pelos incêndios dos últimos meses, a instituição partilha agora um testemunho direto do país que tem sido fustigado pelos fogos e que dá conta das "dificuldades" no terreno.
Em comunicado enviado às redações, José Dias Ferreira, responsável pelo Fundo de Conservação do Jardim Zoológico, revela que o "constante contacto com os colegas australianos tem dado uma ideia muito próxima de tudo o que está a acontecer no campo e é nosso dever ajudar a partilhar esta informação”.
Detalha José Dias Ferreira que "o mais recente comunicado da Sociedade Zoológica de San Diego veio não só trazer-nos mais dados, mas também o arrepiante relato em vídeo onde Kellie Leight (investigadora de campo apoiada pelo programa de conservação de koalas 'in situ' do Zoo de San Diego-EUA), partilha as dificuldades que enfrentam atualmente e faz uma previsão sobre os problemas que virão num futuro próximo”.
O Zoo de San Diego revelou que "os fogos que atingiram as Blue Moutains acalmaram", o que permite que os investigadores se preparem para entrar no terreno e procurarem mais animais que necessitem de ajuda.
Considerando a densidade arbórea do local e o facto de o terreno ser acidentado, os profissionais encontravam dificuldades na observação visual de koalas na região. Com efeito, desde 2015, "os investigadores usam uma abordagem inovadora de marcação por rádio para seguir os indivíduos" e foi este método que permitiu identificar e resgatar 12 koalas em perigo nestes incêndios.
No vídeo que pode ver abaixo, Kellie Leight confessa que os "incêndios estão a mudar por completo a forma como a gestão da vida selvagem será realizada no futuro, na Austrália", alertando ainda que “há um problema de escala muito maior que se aproxima agora, que é a desidratação e fome de animais, incluindo koalas".
Ora, "os koalas retiram a água que necessitam das folhas que comem, mas nestes tempos de recorde de calor e seca, estão a descer até às barragens e cursos de água para tentarem beber água. Os habitats desapareceram, não têm nada para comer e muitos riachos e rios estão secos. Temos de começar a lidar com esse problema.”
Esclarece ainda o comunicado que, "desde 1991, o Jardim Zoológico participa no programa de conservação 'in situ' de Koalas, em colaboração com a Sociedade Zoológica de San Diego (EUA). No decorrer desta catástrofe, o apoio do Zoo foi reforçado e o contacto permanente com o Dr. Bill Ellis e a Dra. Kellie Leigh, biólogos de campo financiados pelo programa, tem permitido aferir acerca da dimensão da problemática, assim como quais as necessidades mais urgentes para o resgate dos animais".