Repatriamento de portugueses: Missão foi um êxito, aguardam-se análises

Dezasseis portugueses, dois diplomatas e duas cidadãs brasileiras chegaram na noite de domingo a Portugal, após uma longa espera e vários percalços.

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Natacha Nunes Costa
03/02/2020 09:06 ‧ 03/02/2020 por Natacha Nunes Costa

País

Coronavírus

Foi num dia de capicua perfeita (02-02-2020) que o avião militar C-130 da Força Aérea Portuguesa cumpriu com sucesso a sua missão de repatriar da China para Portugal, devido ao surto do novo coronavírus, os 16 portugueses, dois diplomatas e duas cidadãs brasileiras que aceitaram a ajuda do Estado português.

Com aparato de ambulâncias, autoridades, jornalistas e curiosos, a Base Aérea de Figo Maduro recebeu às 20h30 deste domingo o aparelho militar, que partiu durante a tarde da base militar de Istres, a sul da cidade francesa de Marselha.

Nas imagens, que as televisões transmitiram, vimos em direto equipas preparadas com fatos próprios prontos a entrar no C-130 para desinfetá-lo, o grupo de repatriados a sair do avião com malas e máscaras e a entrar nas ambulâncias que os transportaram até ao Hospital Pulido Valente, em Lisboa, onde aceitaram ficar em “isolamento profilático” voluntário durante 14 dias, para evitar uma possível propagação do vírus que já matou 361 pessoas na China e uma nas Filipinas.

Apesar de nenhum dos cidadãos repatriados para Portugal apresentar qualquer sintoma que indique ser portador do ‘2019-nCoV’, a ministra da Saúde, Marta Temido, assegurou em conferência de imprensa, que todos iriam realizar análises para despiste do vírus ainda na noite de domingo. Já os resultados, serão divulgados na manhã desta segunda-feira, numa hora ainda a definir e muitas expetativas a gerir.

Longa espera e vários percalços

As famílias dos portugueses repatriados da China podem finalmente começar respirar de alívio. Apesar de não poderem visitar os seus entes queridos e de o resultado das análises ainda não ter sido revelado, ver o C-130 a aterrar em Figo Maduro deu algum sossego perante as questões por responder e incertezas dos últimos dias e mesmo das últimas horas. A missão, segundo a Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, foi "um sucesso", mas antes passou por vários percalços.

A operação de repatriamento esteve (e ainda está) envolvida em secretismo. Na sexta-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, justificava a falta de respostas com “uma operação de intensa complexidade” não só a nível da saúde, mas também a nível diplomático.

E a verdade é que houve pelo menos dois atrasos provocados pela falta de autorizações. Primeiro da China que demorou a permitir a saída dos cidadãos europeus da cidade de Wuhan, onde foi imposto um regime de quarentena, e depois do Vietname, que tinha suspendido todas as ligações aéreas de e para o aeroporto de Wuhan – epicentro do novo coronavírus.

Além destes atrasos e faltas de autorizações, soube-se, nas últimas horas, no avião que os portugueses China partilharam até Marselha com outros europeus, viajava um grupo com sintomas suspeitos de contágio do novo coronavírus, algo que a ministra da Saúde já fez questão de esclarecer: "Um protocolo de voo permitiu a viagem em condições de não contacto", garantiu Marta Temido.

Entretanto, as cerca de 20 pessoas suspeitas de estarem infetadas com o novo coronavírus já foram testadas e os resultados foram negativos, anunciou esta segunda-feira o Governo francês.

Horas antes, havia-se sabido ainda que um avião privado com passageiros chineses aterrou nos Açores, depois de ter sido recusado na Islândia e no Haiti.

Coronavírus pelo mundo

O número de mortes provocadas pelo novo coronavírus subiu para 362, depois de 56 pessoas terem morrido na China e uma nas Filipinas, anunciaram este domingo as autoridades da província de Hubei.

No seu balanço diário, a comissão de saúde da província onde se situa Wuhan, a cidade onde começou o contágio, afirmou que foram registados 2.829 novos casos de infeção no surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus.

Desde dezembro já surgiram 17.205 casos em toda a China da doença que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar uma emergência mundial e que já se espalhou a 20 países, inclusive vários europeus.

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