Conselheira das comunidades deixa presidência por causa de Ventura

Luísa Semedo apresentou a demissão por recusar encontrar-se com o deputado do Chega André Ventura, considerando-o "uma falha do nosso sistema democrático".

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© Facebook Luísa Semedo

Melissa Lopes
12/02/2020 17:14 ‧ 12/02/2020 por Melissa Lopes

País

Ventura

A presidente do Conselho Regional da Europa (CRE) das Comunidades Portuguesas, Luísa Semedo, demitiu-se do cargo, anunciou a própria no Facebook no último fim de semana, deu conta o jornal português o Bom Dia Europa.

Luísa Semedo apresentou a demissão por recusar encontra-se com o deputado do Chega que considera  “ilegítimo” e  “fruto de uma anomalia, de uma falha do nosso sistema democrático".

A conselheira considera "que foi um grave erro que um personagem já conhecido pelas suas tomadas de posição racistas, tenha obtido a autorização de fundar um partido, esteja hoje na AR e pronto a disputar o lugar de Presidente da República"

"André Ventura representa um partido que se ataca aos direitos das mulheres, das pessoas ciganas, negras, muçulmanas, das pessoas LGBT, aos direitos dos refugiados, que propaga incitação ao ódio, que se ataca de forma descomplexada no seu programa aos valores de Abril, aos sindicatos, que tem pretensões de elaborar mudanças radicais na nossa Constituição, de implementar uma nova 'República' e que abriga no seu seio fascistas e nazis", lê-se na carta de demissão. 

Luísa Semedo diz não reconhecer legitimidade em André Ventura, "penso que é fruto de uma anomalia, de uma falha do nosso sistema democrático. O racismo, o fascismo, o nazismo, o sexismo, a homofobia não são opiniões, são crimes. Não concebo dialogar, dar legitimidade, banalizar quem defende práticas criminosas que contrariam os valores de Igualdade, Justiça e Liberdade essenciais numa Democracia", acrescenta. 

A conselheira sublinha ainda na missiva que se sente diretamente atacada pela "ideologia disseminada" pelo Chega. "Enquanto portuguesa, mulher, emigrante, antifascista, afrodescendente e mãe sinto-me diretamente atacada pela ideologia disseminada por este partido e pelo seu representante. O diálogo entre opiniões adversas é possível quando os interlocutores se reconhecem como Iguais. Não posso ser a anfitriã e a interlocutora de quem me considera como inferior", justifica. 

 

Na carta de demissão apresentou formalmente  à Secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, e ao Presidente do Conselho Permanente (CCP) Flávio Martins, a conselheira explica que "esta posição que emana de uma ética de convicção e que é, portanto, pessoal, não me pode fazer perder de vista a ética da responsabilidade que me obriga a ter em conta o facto de que represento enquanto Presidenta do CRE". 

Luísa Semedo tornou pública a carta de demissão para que não se "propaguem versões excêntricas" da sua decisão e acrescentou que "não existem soluções 'prêt-à-porter' quando se combate o fascismo". "Sujamo-nos se lutamos com porcos e eles gostam disso, mas não podemos deixá-los sujar sozinhos as nossas vidas sem opor resistência. Os tempos que nos esperam vão ser rudes, aqui estaremos para os enfrentar. A luta continua". 

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