"Se for condenado serei o criminoso mais imbecil do mundo"

O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho foi, esta sexta-feira, ouvido em tribunal por causa do ataque à Academia do clube, em Alcochete.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
28/02/2020 17:32 ‧ 28/02/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

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Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho está, esta sexta-feira, a ser ouvido em tribunal devido ao ataque à Academia do Sporting, em Alcochete. Na audiência, o ex-presidente do Sporting referiu: "Se for condenado serei o criminoso mais imbecil do mundo", avança a TVI24.

"Colocaram-me do lado errado da barricada, quando decidiram passar-me de testemunha a arguido 44", disse Bruno de Carvalho, acrescentando, "passados quase dois anos do acontecimento, não compreendo como é que estou aqui na qualidade de arguido".

"Nunca soube absolutamente nada de nada", garantiu, acrescentando que "aquilo que se passou em Alcochete foi um crime hediondo, é lamentável é indescritível aquilo que as pessoas passaram", relata a estação de Queluz.

Em tribunal, conta a agência Lusa, Bruno de Carvalho referiu ainda que na reunião que teve com o plantel, dia 14 de maio, depois da derrota no Funchal, perguntou aos futebolistas Acuña e Battaglia "porque é que se tinham metido logo com o antigo líder da claque, no aeroporto da Madeira".

O ex-presidente do Sporting, para quem o futebolista William de Carvalho é "useiro e vezeiro a mentir", disse ainda que o atual jogador do Bétis de Sevilha o acusou de ser o responsável pelo ataque.

"Assim que cheguei à academia [depois do ataque], o William disse-me: 'Pensa que não sabemos que foi você que mandou fazer isto'", referiu.

O arguido disse ter estado, a pedido de André Geraldes, 'team manager' do clube à data, numa reunião "que não teve ponta por onde pegasse", na 'casinha', a sede da Juve Leo, em 7 de abril de 2018, dois dias depois da derrota (2-0) do Sporting no terreno do Atlético de Madrid, para a Liga Europa.

"Estavam dezenas de pessoas, todas aos gritos, muitas a fumar charros, quiseram agredir-me, o primeiro que me quis agredir foi o Camará, que é o mais 'pequenino' deles todos. Até disseram que iam pôr tarjas contra mim", contou, acrescentando ter dito "façam o que quiserem" porque o que queria "era fugir dali".

Admitindo que ele e Fernando Mendes não gostavam um do outro, Bruno de Carvalho explicou que a relação com 'Mustafá' era de respeito. "Conseguimos ganhar uma relação de respeito, mas a verdade dos factos é que eu acabei por gostar do Nuno Mendes porque ele é tão genuíno, que nos faz rir. Sempre me respeitou e eu o respeitei. Ele era sempre mais uma solução do que um problema", referiu, descartando a hipótese de o presidente da Juve Leo ser "uma espécie de guarda pretoriana".

Bruno de Carvalho foi o 22.º e último arguido depor, depois de durante a sessão de hoje terem sido ouvidos Eduardo Nicodemes, Fernando Mendes e Ricardo Neves. Durante a manhã, este último arguido admitiu em tribunal ter agredido "com uma chapada" o futebolista internacional argentino Marcos Acuña, durante a invasão à academia do Sporting, em Alcochete, em 15 de maio de 2018.

O julgamento prossegue em 11 de março com as alegações, dia em que todos os arguidos são obrigados a comparecer em tribunal.

O antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho, tal como o líder da claque Juve Leo, Mustafá, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, responde, como autor moral, por 40 crimes de ameaça gravada, por 19 crimes de ofensas à integridade física qualificadas e por 38 crimes de sequestro (estes 97 crimes classificados como terrorismo, puníveis com pena de prisão de dois a 10 anos ou com as penas correspondentes a cada um dos crimes, agravadas em um terço nos seus limites mínimo e máximo, se estas forem iguais ou superiores).

Os restantes arguidos (41) são acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

[Notícia atualizada às 19h51]

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