Depois de ter renunciado esta segunda-feira ao cargo de presidente do Tribunal da Relação de Lisboa, Orlando Nascimento enviou uma mensagem de despedida aos colegas e funcionários da instituição, assinalando que fez o melhor que conseguiu, "à vista de todos", de acordo com "a consciência e o sentido do dever".
"Chegou a hora de me despedir", começa por escrever o desembargador na mensagem revelada pelo jornal Público e pela RTP esta terça-feira.
"Durante este tempo, em que trabalhei como vice-presidente e como presidente, fiz o melhor que pude, à vista de todos, sem pin no telemóvel, sem palavra-passe no computador", continua.
“Fiz como a consciência e o sentido do dever mo ditou, algumas vezes com uma rigidez, que me não é própria, mas sempre com o espírito do dever a cumprir, por sobre tudo o resto. Se exagerei, peço desculpa (...) Entrei com os primeiros e saí com os últimos. Não levo nada!”, disse, terminando com a frase: “Se me acharem merecedor, guardem-me um lugar nos vossos corações”.
Fonte judicial disse à agência Lusa que a renúncia apresentada por Orlando Nascimento surge na sequência de pressão exercida desde quinta-feira pelo presidente do Conselho Superior da Magistratura, órgão de gestão e disciplina dos juízes.
Na última semana foi revelado que o ex-presidente da Relação de Lisboa Vaz das Neves foi constituído arguido por suspeitas de corrupção e abuso de poder no âmbito da Operação Lex, que tem como principal arguido o desembargador Rui Rangel.
Um outro caso envolve o atual presidente da Relação de Lisboa, Orlando Nascimento, por alegadamente ter autorizado o uso do salão nobre daquele tribunal para a realização de uma arbitragem (resolução privada de litígios) realizada pelo seu antecessor.
O Conselho Superior da Magistratura reúne-se, na terça-feira, em plenário para analisar o caso dos sorteios eletrónicos do Tribunal da Relação de Lisboa e analisar os primeiros resultados das averiguações.
Os presidentes da Relação são eleitos em votação realizada entre os seus pares.