Questionado pelos jornalistas no final de uma visita ao Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, sobre se o Governo equaciona lançar alguma linha de financiamento própria para situações relacionadas com este surto, António Costa não quis desenvolver o tema, assegurando que essa é "seguramente a última preocupação atualmente".
"[O dinheiro] não é seguramente um problema, nem nunca seria um problema", afirmou o primeiro-ministro.
A Ordem dos Médicos (OM) recomendou, na segunda-feira, a criação de uma linha de financiamento para o novo coronavírus de forma a permitir que as instituições de saúde atuem com "autonomia, adaptabilidade e rapidez" na resposta "a uma situação muito dinâmica".
A medida faz parte de um conjunto de oito recomendações feitas na sequência do "surto pelo novo coronavírus e perante o que se conhece até ao momento", refere a Ordem dos Médicos em comunicado.
Além da criação de uma linha de financiamento específica para o Covid-19, a OM recomendou "a identificação bem definida de uma cadeia de comando", liderada pela Direção-Geral da Saúde, que comunique com clareza e que sirva de elo entre os vários intervenientes.
A OM defende, também, a "publicação urgente e ampla divulgação" do Plano de Contingência Nacional e a nomeação de um novo diretor para o Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e das Resistências aos Antimicrobianos, que "está sem liderança há mais de seis meses".
O primeiro-ministro também foi questionado sobre se tem existido ou não eficácia da comunicação sobre esta matéria, tendo considerado que "os resultados mostram que sim".
"As pessoas têm, de forma mais ou menos generalizada, adotado boas práticas de prevenção: lavado as mãos, evitar contactos, alteramos os nossos hábitos de cumprimentos entre nós. As pessoas têm tido um enorme civismo (...). A procura da linha Saúde 24 tem aumentado muito. Há menos gente a vir diretamente às urgências", referiu.
Já sobre o facto do Presidente da República ter defendido hoje que deve ser o Governo a ter a "primazia" na gestão da epidemia Covid-19, afirmando, no entanto, que, por sua vontade, já estava próximo dos portugueses infetados pelo novo coronavirús, António Costa frisou que Marcelo Rebelo de Sousa, com quem tem estado em contacto "diário", "é sempre muito bem-vindo, muito bem acolhido e muito querido onde quer que esteja".
"Nesta fase o que está em causa é preparar o sistema e verificar se as coisas estão a trabalhar bem. Eu próprio e a senhora ministra da Saúde temos falado diariamente com o senhor Presidente da República, mais do que uma vez ao dia, para o manter informado. O próprio Presidente da República tem um cuidado especial ao tema da saúde e não deixará de o acompanhar mesmo que não esteja fisicamente aqui", disse António Costa.
A Direção-Geral da Saúde elevou esta tarde para quatro o número de casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal.
O novo coronavírus, que causa a doença denominada Covid-19, pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infetou mais de 90.300 pessoas em cerca de 70 países e territórios.
Das pessoas infetadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo autoridades de saúde de vários países.
Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco "muito elevado".