Meteorologia

  • 05 NOVEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 17º MÁX 22º

Morreu Oliveira e Costa, antigo presidente do BPN

O funeral realiza-se, esta tarde, na Basílica da Estrela, em Lisboa.

Morreu Oliveira e Costa, antigo presidente do BPN
Notícias ao Minuto

14:59 - 10/03/20 por Mafalda Tello Silva com Lusa

País Óbito

O economista José Oliveira e Costa morreu, ontem, aos 84 anos, vítima de doença prolongada, avançou esta terça-feira a Visão. 

O funeral do ex-presidente do BPN irá realizar-se durante a tarde de hoje, a partir das 17h30, na Basílica da Estrela, em Lisboa. 

Oliveira e Costa foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Cavaco Silva e em, 1998 assumiu o cargo de presidente do BPN

Em 2008, foi detido e, em 2017, condenado a 14 anos de prisão por burla, abuso de confiança, fraude fiscal, entre outros crimes, na sequência de irregularidades relacionadas com a nacionalização do banco em causa. Um ano depois, a sua pena foi agravada em mais um ano de prisão por abuso de confiança. Em 2019, Oliveira e Costa foi condenado a três anos de prisão pelo crime de fraude fiscal, apesar de ter ficado com a pena única de 15 anos a que já estava condenado. 

Da carreira na política aos crimes no BPN

Nascido na freguesia da Esgueira, Aveiro, José Oliveira e Costa começou a trabalhar aos 15 anos como empregado de escritório na Bóia & Irmão, tendo continuado a estudar e licenciando-se em Economia pela Universidade do Porto.

Após uma passagem pela Companhia Portuguesa de Celulose, entrou para os quadros do Banco de Portugal, dos quais fez parte até 1991.

Militante do PSD, foi apoiante de Cavaco Silva no congresso na Figueira da Foz, em 1985, em que aquele se tornou líder dos sociais-democratas. Foi presidente da distrital de Aveiro do PSD, dirigindo-a desde Lisboa, onde vivia, e em 1987 eleito deputado pelo PSD.

Convidado por Cavaco Silva para secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, era ministro das Finanças Miguel Cadilhe, Oliveira Costa foi responsável pela importante reforma fiscal que deu origem aos impostos IRS e IRC. Como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais foi acusado de favorecimento de empresas, nomeadamente de um perdão de juros e multas por dívida fiscal à Cerâmica Campos, de cerca de 500 mil contos (2,5 milhões de euros).

Houve mesmo, em 1991, uma comissão parlamentar de inquérito aos alegados perdões fiscais, presidida por Rui Machete (deputado do PSD), que acabou por ilibar Oliveira Costa. O relatório final que concluiu que não houve irregularidades teve votos favoráveis do PSDCDS e PRD e votos contra de PS e PCP.

Depois de sair do Governo, em 1991, foi um dos vice-presidentes do Banco Europeu de Investimentos (BEI), com sede no Luxemburgo, em representação de Portugal, e em 1994 volta ao país e assume a presidência do Finibanco.

Em 1998, passa a liderar o Banco Português de Negócios (BPN), pondo em prática uma estratégia de crescimento agressiva. É criada a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), destinada a agregar os investimentos não financeiros do grupo. Em 2008, Oliveira e Costa abandona a presidência do grupo SLN/BPN invocando problemas de saúde e, mais tarde nesse ano, é detido por suspeitas de burla, fraude fiscal e branqueamento de capitais, no âmbito das irregularidades que levaram ao colapso do BPN.

Segundo o Tribunal de Contas, o processo de nacionalização e reprivatização do BPN já custou ao Estado 4.900 milhões de euros, entre 2011 e 2018. O julgamento do processo BPN, em que José Oliveira e Costa era o principal arguido, começou em dezembro de 2010 e prolongou-se durante anos, com o ex-banqueiro a pedir escusa de sessões por razões de saúde.

Em maio de 2017, foi condenado a 14 anos de prisão, dos quais já tinha cumprido dois em prisão preventiva, por falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada, burla qualificada e branqueamento de capitais. Em 2018 viu agravada a pena em mais um ano de cadeia por abuso de confiança, depois de o tribunal se ter esquecido de fixar esta pena.

Já em outubro de 2019, foi condenado pelo Tribunal da Relação de Lisboa a três anos de prisão pelo crime de fraude fiscal, anteriormente declarado prescrito, mas manteve a pena única de 15 anos a que já estava condenado.

Num outro processo também ligado ao PBN, cuja sentença foi conhecida em 2018, Oliveira e Costa foi condenado a 12 anos de prisão por dois crimes de burla qualificada. Também condenado neste processo foi Arlindo Carvalho, ex-ministro da Saúde e ex-secretário de Estado da Segurança Social de Cavaco Silva.

Ao longo destes anos, o caso BPN foi não apenas um caso judicial mas tornou-se também uma arma de arremesso político, com polémicas a atingirem várias personalidades, sobretudo ligadas ao PSD, casos de Cavaco Silva (ex-primeiro-ministro e ex-presidente da República), Rui Machete (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo PSD de Passos Coelho) e Dias Loureiro (que em 2009 renunciou a conselheiro de Estado).

Recomendados para si

;
Campo obrigatório