Funerárias aconselham funerais sem velórios devido a novo coronavírus

Os funerais devem realizar-se sem velório, seguir diretamente do local do óbito para o cemitério mais próximo e não deve haver qualquer preparação de cadáveres "nem com simples vestimenta", recomendou hoje uma associação representativa do setor.

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Lusa
18/03/2020 16:38 ‧ 18/03/2020 por Lusa

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Coronavírus

 

Em comunicado, a Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL) anunciou hoje um conjunto de recomendações às funerárias no âmbito do surto de Covid-19 que "vão para além das da Direção-Geral da Saúde (DGS)", que na segunda-feira emitiu uma norma específica para manuseamento de cadáveres de doentes ou pessoas suspeitas de terem morrido com a doença.

A ANEL vai mais longe e diz às funerárias que as recomendações hoje conhecidas "devem ser seguidas em todos os funerais, independentemente da causa da morte ou da região em que ocorreu o óbito".

"Aconselhamos a não realização de cerimónias religiosas com aglomeração de várias pessoas num espaço reduzido, optando-se apenas pela presença do celebrante (caso se disponibilize) junto da sepultura ou crematório. Aconselhamos a não realização do velório público e que o funeral seja realizado diretamente do local do óbito para o cemitério pretendido, o qual  deverá ser o mais próximo possível do local do óbito", lê-se no comunicado.

A ANEL, que recomende que a contratação do serviço fúnebre passe a ser feita em escritório, com pré-marcação e um número reduzido de pessoas presentes e que os procedimentos burocráticos sejam realizados à distância, recomenda ainda que não haja qualquer preparação de cadáveres.

"Aconselhamos que nenhum cadáver seja preparado (não se devem realizar atuações de limpeza nem intervenções de tanatopraxia) nem com simples vestimenta. O cadáver deve ser introduzido num sudário impermeável e após pulverização com uma solução desinfetante, acondicionado dentro da urna", recomenda a ANEL.

A associação refere ainda o uso obrigatório de equipamento de proteção individual e aconselha que nas viaturas fúnebres se transporte apenas o pessoal da funerária.

Em caso de óbito em casa e de não haver possibilidade de um médico se deslocar ao domicílio, a ANEL sugere que sejam as autoridades policiais a acionar a "remoção do cadáver para o gabinete médico legal mais próximo", mesmo em situação de ausência de autópsia.

A ANEL aconselha ainda a "utilização de equipamentos de frio enquanto se aguarda a tramitação burocrática e a realização do funeral".

"A ANEL está convicta da premente importância destas medidas excecionais de salvaguarda, a implementar em caso de óbito. Seja para os milhares de profissionais do setor funerário que, quotidianamente, e com sentido de serviço comunitário, continuam a assegurar a normalidade dos serviços fúnebres em Portugal, ainda que altamente expostos, quer para as famílias enlutadas. A estas, e de forma solidária, pedimos a maior compreensão para o momento único da nossa história que estamos a viver e que obriga a medidas excecionais temporárias de salvaguarda", lê-se no comunicado.

Os médicos de saúde pública dizem que as orientações da DGS sobre o manuseamento de cadáveres por causa da Covid-19 são uma medida importante para diminuir o risco de transmissão da doença.

"Neste cenário de muita incerteza, estas cautelas em relação a diversos procedimentos relacionados com as cerimónias fúnebres religiosas implicam uma readaptação da parte de todos nós", considerou o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, explicando que as normas visam "reduzir o risco de transmissão" da doença provocada pelo novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

Em Portugal, a DGS elevou quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.

Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

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