Pedro Melo Lopes tem 30 anos e é médico no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Baixo Vouga. Depois de ter apelado ao primeiro-ministro e Presidente da República para "fecharem as fronteiras, as empresas, lojas e todos os cafés" - porque "o país tem de ficar em casa", este profissional de saúde reforça os apelos recorrendo ao Facebook.
"Os próximos tempos vão ser assim. Num cenário de filme de uma guerra de que não somos culpados", escreve, mostrando o equipamento de proteção utilizado quando lida com casos de infeção por Covid-19.
"Fiquem em casa! Lavem as mãos! Evitem contactos!", apela, aconselhando a quem tenha sintomas ligeiros de tosse e febre "que cede a antipirético" para não se dirigir ao hospital.
"Sempre que possível", prometeu, "responderei às mensagens para tirar as dúvidas de todos (através da rede social Facebook)". "Agora é por cada um de nós!".
Em conversa com o Notícias ao Minuto, este médico explicou que quando regressa do hospital a casa, onde vivem os pais e irmã, fica isolado. "Ninguém contacta com as minhas roupas e sapatilhas", contou.
O seu estado de espírito neste momento é de "apreensão" e de "incerteza". "No trabalho temos de nos revezar porque ninguém aguenta mais de 6 horas com aquele fato [da foto acima]". Sente-se "cansado", mas está consciente de que "a luta ainda não começou a sério". "Ou melhor, ainda pode piorar".
Pedro sabe que "o país tem dos melhores médicos do mundo" e "óptimos profissionais". Todavia, a realidade é a de "recursos limitados e hospitais com algum desgaste".
Lidar com esta pandemia "passa muito por conseguir controlar os casos com sintomas ligeiros em casa e em isolamento para não se desperdiçar equipamento nem recursos hospitalares com esses. E dedicar toda nossa capacidade aos doentes instáveis que vão necessitar de terapêutica". Esse é o grande desafio, resume.
Em Portugal, de acordo com o boletim epidemiológico desta quarta-feira, há 642 casos de infeção por Covid-19, duas mortes a registar e três pacientes curados.