Com máxima segurança, passageiros de navio despedem-se de Lisboa
Sujeitos a medição da temperatura corporal, os turistas do navio de cruzeiro que atracou em Lisboa puderam hoje pisar solo português, mas já em despedida, num regresso aos países de origem, numa operação de repatriamento devido à pandemia de covid-19.
© Lusa
País Cruzeiro
De forma ordeira, com um espaço temporal de cerca de três segundos entre cada um, para garantir a distância de um metro, os passageiros entraram nos autocarros com os vidros espelhados, assegurando ao máximo a privacidade dos turistas, para serem transportados até ao aeroporto de Lisboa.
No terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, no porto, quatro carrinhas da PSP entraram na zona de desembarque do navio pelas 10:45 de hoje, para avançar com o transporte dos passageiros para o aeroporto Humberto Delgado, onde estão a embarcar em voos 'charter' para os diferentes países de origem.
Antes dessa hora, as forças de segurança asseguraram o transporte dos primeiros passageiros a viajar, num voo em direção à Alemanha, prevendo-se hoje mais três voos 'charter' durante o dia de hoje - um para o Brasil, outro para o Reino Unido e mais um para a Alemanha.
Junto ao navio de cruzeiro, atracado desde domingo, estavam a meio da manhã 11 autocarros estacionados numa zona restrita onde, pelas 11:00, os passageiros começaram a colocar as bagagens. Estavam também no local duas ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e motas da Polícia de Segurança Pública (PSP), para escoltar as viaturas até ao aeroporto.
Sem que os jornalistas conseguissem acompanhar de perto a operação de repatriamento, que está a ser monitorizada por uma unidade especial da PSP, a imagem dos passageiros foi preservada ao máximo.
Na grade de acesso ao cruzeiro um aviso do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) indica por estes dias "Acesso restrito e condicionado à autorização do SEF - zona internacional do Porto de Lisboa".
Ocupados com cerca de um terço da capacidade, para garantir a distância de segurança entre passageiros, os autocarros começaram pelas 12:50 a sair do Porto de Lisboa, numa nova viagem em direção ao aeroporto, de forma discreta.
Durante o compasso de espera até arrancarem, foi possível ver alguns turistas a pisar o solo português.
A operação de repatriamento dos mais de 1.300 passageiros deste navio de cruzeiro teve hoje início. Segundo uma nota do Ministério da Administração Interna (MAI) divulgada no domingo, o navio de cruzeiro MSC Fantasia, proveniente do Brasil, transportava 1.338 passageiros, dos quais 27 cidadãos portugueses, que tinham já desembarcado antes da operação de hoje.
Os restantes passageiros são provenientes de 38 países (maioritariamente da União Europeia, Reino Unido, Brasil e Austrália), decorrendo a operação de repatriamento "em articulação com diversas embaixadas destes países".
Ao início da tarde de domingo, a diretora nacional do SEF, Cristina Gatões, referiu que todos os passageiros teriam de ser "objeto de testes de despistagem" ao novo coronavírus pela Direção-Geral da Saúde.
Na segunda-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que um dos passageiros portugueses que desembarcaram testou positivo à covid-19.
"Neste momento, esse passageiro português, que não está em Lisboa, vai ser novamente testado para termos uma segunda amostra", disse Graça Freitas, afirmando que ele "está bem", assim como os restantes passageiros que desembarcaram.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 29 mortes e 2.362 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
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