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Covid-19: Sem-abrigo demonstram gratidão no acolhimento nos pavilhões

Os sem-abrigo acolhidos nos pavilhões disponibilizados pela Câmara de Lisboa, devido à pandemia da covid-19, demonstram grande gratidão, reconheceu hoje à Lusa um psicólogo voluntário do CASA, adiantando que a medida é vista como positiva.

Covid-19: Sem-abrigo demonstram gratidão no acolhimento nos pavilhões
Notícias ao Minuto

18:42 - 02/04/20 por Lusa

País Psicólogos

Tendo em conta a pandemia da covid-19, a autarquia de Lisboa abriu nas últimas semanas quatro centros de acolhimento de emergência para sem abrigo: no Pavilhão Municipal Casal Vistoso, Pavilhão da Tapadinha, Casa do Lago e no Clube Nacional de Natação.

André Correia, voluntário no CASA -- Centro de Apoio ao Sem-Abrigo, é psicólogo e nas últimas duas semanas esteve no pavilhão do Casal Vistoso a falar com as pessoas que lá se encontram, esclarecendo, dando uma resposta de intervenção na crise.

"Há uma grande demonstração de gratidão por parte das pessoas mais idosas. A maior parte é recetiva à ideia de estar ali, perguntam até quando podem ficar, se eram só aquelas noites ou se podiam ficar mais tempo", explicou André Correia.

O psicólogo adiantou que o seu trabalho no pavilhão passou, um pouco, por "falar com as pessoas, esclarecer potenciais dúvidas", além de prestar "um qualquer tipo de apoio mais imediato que pudessem precisar".

"As pessoas pertencem a um grupo fragilizado, parte delas não demonstra estar preocupada com a situação, algumas desvalorizam até. Talvez seja 'fifty- fifty' (metade-metade)", lembrou, embora reconhecendo que alguns estão "inseguros", pois é tudo "novidade".

Segundo André Correia, a falta de informação sobre o que se está a passar, por falta de acesso, "como é compreensível por se tratar de sem-abrigo", leva-os a estarem menos preocupados.

Depois, quando se explica que "há um vírus na sociedade e que estão mais protegidas num pavilhão ao invés de na rua" ficam mais "apreensivos" com o que se passa.

"Muitos dormiam na rua e estão a ser alojados, é essa a sua nova realidade. Foi frequente muitos perguntarem se podiam ficar mais que uma noite, se podiam ficar mais tempo", afirmou.

André Correia explicou que não são só sem-abrigo que procuraram um local para ficar, contando o caso de "um rapaz, talvez com 30 anos", estrangeiro, "acabado de sair da prisão".

"Foi um caso que me marcou. Foi-lhe dada liberdade e ali estava ele sem casa, sem suporte social. Apanhado na situação particular que estamos a viver, quase lançado às feras", referiu, lembrando que, apesar de não ser uma pessoa em situação sem-abrigo, "ficou nessa situação".

Nestes centros de acolhimento, as pessoas em situação de sem-abrigo podem aceder a uma triagem de saúde, higiene pessoal, um banco de roupa, dormida e quatro refeições.

André Correia explicou ainda que agora o seu trabalho no CASA também mudou: "tenho de apoiar e reinventar as equipas de voluntários", garantindo que têm as melhores condições para funcionar e prestar o apoio da melhor forma possível.

Com a pandemia houve muitos que, por problemas de saúde, ou por terem de fazer isolamento, deixaram de estar disponíveis para as rondas diárias que o CASA faz pela cidade de Lisboa, entregando uma refeição quente aos sem-abrigo.

Também o trabalho psicossocial que por vezes desempenha na instituição, junto das famílias às quais entregam cabazes, também ficou um pouco para segundo plano, reconhecendo, porém, não ser esse o "grande objetivo da instituição".

"Tentamos apoiar os utentes sem-abrigo que procuram algum tipo de resposta, e se não a encontramos internamente são encaminhados para parceiros ou instituições", explicou.

Com a pandemia de covid-19, o CASA teve de adaptar a sua entrega de refeições quentes. Das várias equipas distribuídas por cinco 'voltas' agora só saí uma por noite, fazendo a volta grande pela cidade de Lisboa, ficando a ronda do Oriente a cargo da associação Crescer.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março, tendo a Assembleia da República aprovado hoje o seu prolongamento até ao final do dia 17 de abril.

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