A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) alertou, esta quinta-feira, para as dificuldades que o ensino à distância acarreta para todos os alunos com necessidades especiais, sublinhando que algumas destas crianças e jovens "necessitam de medidas de suporte à aprendizagem e inclusão" ou de "um apoio direto que não lhes pode ser prestado".
Em comunicado, a força sindical começa por ressalvar que este terceiro período arrancou com mais preparação por parte dos docentes após experiência adquirida nas duas semanas antes das férias da Páscoa.
Contudo, e apesar de todos os esforços dos professores e famílias, a Fenprof lembra que se já "existem dificuldades no trabalho a desenvolver com a generalidade dos alunos" fora do contexto Covid-19, mas hoje "ganham uma dimensão muito maior quando se trata de trabalhar a distância com alunos que, por apresentarem necessidades educativas especiais, necessitam de medidas de suporte à aprendizagem e inclusão, alguns a necessitarem de um apoio direto que não lhes pode ser prestado, por exemplo, em relação a diversas terapias".
Assim, a estrutura que representa os docentes vinca que "os alunos que carecem dessas medidas de suporte à aprendizagem e inclusão são um grupo mais vulnerável que precisa de um apoio muito mais permanente do que outros alunos".
"De uma forma geral, estes alunos estão a receber, por parte dos docentes de Educação Especial (EE), o mesmo tipo de apoio que qualquer um dos seus colegas, pois os docentes de EE e do ensino regular têm mantido contacto permanente, adaptando as atividades e tarefas para os alunos das turmas que precisam dessas adaptações", esclarece a Fenprof alertando que, ainda assim, quando se fala de "alunos com problemáticas mais complexas, com níveis de funcionalidade e autonomia mais baixos" estes "poderão estar em circunstância de maior discriminação em relação a outros".
"É um quadro de desigualdade agravada que não pode ser ignorado"Assim, a Fenprof pede que estes alunos tenham mais apoios sociais para "minimizar as suas dificuldades acrescidas", tal como os professores de EE "necessitam de apoios específicos para o trabalho prestado nas atuais condições".
"O Ministério da Educação, através das escolas, deverá disponibilizar, quando possível, os equipamentos e os recursos materiais imprescindíveis para que os alunos possam responder às solicitações dos docentes. Por exemplo, aos alunos cegos não poderão faltar equipamentos para leitura de textos", recomenda, disponibilizando-se para contribuir para que se encontrem as melhores soluções para a resolução destes casos ainda mais problemáticos.
Por fim, a Fenprof mostra-se ainda preocupada com os problemas do foro psicológico dos pais/encarregados de educação destes alunos: "Estes adultos também precisam de respostas e de um acompanhamento permanente. Deverão ser-lhes disponibilizados apoios psicológicos, mesmo que a distância. Neste grupo também deverão ser incluídas as famílias acompanhadas pela Intervenção Precoce e que, em muitos casos, apenas usufruem do apoio domiciliário destas equipas", conclui.