Santa Casa de Lisboa vai apoiar 11 projetos em lares das Misericórdias
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) vai apoiar 11 Misericórdias para projetos de inovação social em lares, inclusive reabilitação do património edificado, num investimento total de cerca de 2,5 milhões de euros, foi hoje anunciado.
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País SCML
No âmbito do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL), criado em 2015 para apoiar projetos sociais e obras de Misericórdias em todo o país, a SCML vai financiar, este ano, projetos nas Misericórdias de Vila Nova de Gaia, Barcelos, Murtosa, Pinhel, Ovar, Penela da Beira, Vizela, Carregal do Sal, São Brás de Alportel, Vila Nova de Poiares e Alcácer do Sal.
De acordo com a administradora executiva do FRDL, Inez Dentinho, os 11 projetos que vão ser apoiados este ano representam "um investimento total de 2,468 milhões de euros", financiamento que vai ser formalizado na quarta-feira, com protocolos assinados à distância pelos provedores das Misericórdias, uma vez que a pandemia da covid-19 impede a realização da cerimónia presencial.
Em declarações à agência Lusa, Inez Dentinho disse que o apoio "versa sobretudo projetos de inovação social", financiando a reabilitação das instalações das Misericórdias, "desde que, acompanhado dessas obras, aconteçam elementos de inovação social que permitam preparar estes lares para as gerações que as venham a ocupar no futuro também, com 'Wi-Fi', com circuitos exteriores de exercício, com outras dimensões que provoquem a descoletivização da vida no lar".
A ideia é equipar os lares com espaços que permitam quebrar a habitual rotina dos idosos, "contrariar aquela sala grande da televisão e aquela expectativa que muitos deles têm de estarem só à espera da próxima refeição", explicou a administradora executiva do FRDL, reforçando que o objetivo é ter "sítios para que as pessoas se possam levantar de manhã e dizer: o que é que eu vou fazer hoje?".
Entre os 11 projetos a apoiar este ano, além da reabilitação do património edificado dos lares e centros de dia, estão ideias para a criação de um espaço de fisioterapia, um centro hidroterapêutico com um piscina interior onde podem fazer exercício físico e um jardim intergeracional ao lado de um ATL, assim como circuitos de lazer para a prática de exercício físico.
"É interessante que o Fundo Rainha Dona Leonor tenha surgido numa época de crise como a 'Troika' e que se tenha mantido [..] e que, novamente, possa ser útil numa época que se avizinha também de nova crise", devido à pandemia da covid-19, avançou Inez Dentinho, referindo que o fundo, criado em 2015, é "uma experiência revolucionária em 500 anos de história das Misericórdias".
Permitindo o "abrir de fronteiras" das 387 Misericórdias atualmente ativas em Portugal, porque antes estavam organizadas localmente e "eram um domínio só dentro dos seus limites geográficos", o fundo FRDL já apoiou 154 projetos das Misericórdias, inclusive três foram já apoiadas duas vezes, num apoio total "superior a 23 milhões de euros".
Segundo a administradora executiva do FRDL, este financiamento "tem sido muitíssimo bem-vindo, tanto na área da inovação social como da recuperação de património histórico, como acontece na recuperação de 28 igrejas do século XVI".
Sobre a escolha dos 11 projetos a apoiar este ano, Inez Dentinho adiantou que foram repescados do concurso de candidaturas apresentadas em 2019, porque tinham sido aprovados, mas não tiveram verba disponível, uma vez que, de acordo com a ordem de classificação, foram apoiadas as ideias com maior pontuação.
"No ano de 2019, houve projetos tão válidos que ficaram aprovados, mas a verba não chegou, pelo que resolvemos, em vez de fazer um novo concurso este ano, até porque a pandemia não daria para deslocações, fomos repescar projetos que tinham sido aprovados e que se mantinham ativos e atuais", explicou a responsável do fundo FRDL, acrescentando que, geralmente, há sempre um concurso todos os anos.
Neste momento, estão em curso 66 obras apoiadas pelo FRDL nas Misericórdias do país, verificando-se que a maioria continua a decorrer mesmo em tempo de pandemia, informou Inez Dentinho.
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