O movimento, #MáscaraParaTodos, lançou hoje um vídeo no qual recomenda o uso generalizado de máscaras de proteção individual em todos os espaços públicos, finalizando com o slogan "A minha máscara protege-me. A tua protege-me".
Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública e um dos participantes no vídeo, explicou à Lusa que a iniciativa partiu do neurocirurgião Miguel Moura Guedes e assenta na "necessidade de promover a utilização da máscara de forma massificada" e de fazer pedagogia para que a máscara não seja usada de forma desajustada.
Questionado pela Lusa sobre o facto de no vídeo se sugerir que as pessoas façam as suas próprias máscaras, que não sendo certificadas podem não ser eficazes, o responsável explicou que se forem cumpridos os preceitos uma máscara caseira pode ser "uma alternativa interessante".
"O nível de proteção não será o mesmo" do que o de uma máscara certificada "mas é aproximado". A ideia "é criar uma alternativa às pessoas", que não têm meios para comprar máscaras cirúrgicas", disse Ricardo Mexia, enfatizando que "se a proteção não é idêntica é muito próxima".
Na apresentação do movimento os responsáveis dizem que o uso por toda a população de máscaras em espaços públicos é uma medida que a esmagadora maioria dos países ocidentais ainda não aplicou, ao contrário do que fizeram países como a China, Singapura, Coreia do Sul ou Japão.
No vídeo, Ricardo Mexia fala desses países mas também da Áustria e da República Checa, onde o uso generalizado em espaços públicos de máscaras contribuiu para a redução da disseminação da covid-19.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, lembra no vídeo que o vírus pode não causar sintomas, ou ter sintomas tardios, o que leva à sua rápida disseminação, porque há pessoas que não sabendo que estão contaminadas espalham o vírus. Por isso, diz, "usar máscara é inquestionavelmente melhor do que não usar".
"O uso de uma simples máscara caseira pode reduzir até 85% a passagem de gotículas potencialmente infetadas e que assim não se espalham e não ficam em superfícies e não vão contaminar as outras pessoas", adverte no vídeo o presidente do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas, Fausto Pinto.
Na página de apresentação do movimento os responsáveis escrevem que "da mesma forma que deve ser generalizada a utilização de máscaras em meio hospitalar, deve ser recomendado o seu uso na comunidade", sem nunca dispensar o distanciamento social, a etiqueta respiratória ou a lavagem frequente das mãos.
"Mas, por limitação de stocks, a utilização de máscaras descartáveis por toda a população não é solução. Uma solução é motivar a sociedade civil a produzir e distribuir máscaras de fabrico caseiro", acrescentam.
A pandemia de covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo um balanço da AFP.
Em Portugal morreram 1.114 pessoas das 27.268 confirmadas como infetadas, e há 2.422 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.