De acordo com Bernardo Valares, um dos voluntários do Seara - Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara, contactado pelas 23:30, uma equipa está "a emparedar o edifício com tijolos".
Questionado sobre as três pessoas que tinham permissão para pernoitar no edifício, na sequência de um entendimento alcançado com os proprietários, o voluntário explicou que essas pessoas apenas poderiam dormir no interior do prédio sob supervisão "de oito seguranças" e que optaram por não o fazer porque "sentiram-se intimidadas".
Bernardo Alvares sublinhou ainda que "todas as instituições [de apoio a pessoas em situação de sem abrigo] falharam".
A agência Lusa contactou o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP para confirmar o emparedamento do edifício, informação que a polícia não conseguiu confirmar, remetendo quaisquer esclarecimentos para um comunicado que será, entretanto, divulgado.
A Lusa contactou também o gabinete do vereador da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), que garantiu que estão a ser feitos "contactos para resolver a situação" e encontrar "soluções definitivas" para estas pessoas, remetendo esclarecimento adicionais para terça-feira.
A mesma fonte afirmou que as pessoas que estavam neste centro vão pernoitar num local temporário.
Ao final da tarde, várias pessoas ficaram feridas, incluindo três agentes da PSP, na sequência de uma tentativa de entrada no centro de apoio a carenciados, em Arroios, Lisboa, que foi alvo de um despejo durante a madrugada de hoje.
A informação foi confirmada à agência Lusa por Bernardo Alvares, um dos voluntários do Seara -- Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara, que explicou que algumas pessoas "que pertenciam ao coletivo que estava a gerir o espaço" tentaram entrar no edifício, mas que o fizeram "de forma pacífica".
O voluntário acrescentou que viu duas pessoas ficarem feridas por causa de "uma investida" da polícia quando estavam a tentar entrar no edifício. Essas duas pessoas, segundo Bernardo Alvares, "seguiram numa ambulância" para uma unidade de saúde.
As pessoas começaram, entretanto, a sair do centro de apoio a carenciados e "estão a ser identificadas" pela PSP, acrescentou o voluntário.
Questionado sobre quanto tempo é que estas pessoas pretendem continuar a manifestar-se contra o despejo que decorreu na madrugada de hoje, Bernardo Alvares referiu que se gerou "uma manifestação espontânea" e, por isso, vão continuar no local.
Contactada pela Lusa, o porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, comissário Artur Serafim, referiu que três agentes ficaram feridos, assim como, pelo menos, outras duas pessoas, mas foram todos "assistidos no local".
A polícia explicou que algumas pessoas "descobriram uma entrada lateral" do edifício e "forçaram a entrada" para abrir as portas às restantes pessoas que aguardavam no exterior.
O voluntário contactado pela Lusa disse, no entanto, que tal não aconteceu.
Os feridos, explicou a PSP, resultaram da tentativa de entrada no edifício e da ação da polícia para o impedir.
Os elementos destacados vão continuar "a aguardar no local", porque este "vai ser um jogo de paciência", considerou o porta-voz do Cometlis.
Cerca de uma dezena de seguranças privados entraram às 05:00 de hoje naquele centro de apoio a carenciados, para tentar despejar as pessoas que ali se encontravam, porque o espaço foi ocupado ilegalmente.
Os responsáveis pelo centro chamaram a PSP, que se dirigiu ao local e montou cordão policial.
O Seara -- Centro de Apoio Mútuo de Santa Bárbara, em Arroios, foi criado por um grupo de pessoas que ocupou um antigo infantário abandonado e o transformou num centro de apoio de ajuda a pessoas carenciadas, incluindo sem-abrigo.
Quando ocuparam o espaço, os voluntários não sabiam quem eram os proprietários do imóvel, mas mais tarde descobriram que foi vendido a uma empresa de imobiliário e depois em parcelas a três pessoas que vivem no estrangeiro.
Os voluntários enviaram correios eletrónicos a várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP, a informar de que iriam ocupar o espaço e os motivos.
Hoje, pelas 05:00, foram alvo de um despejo. A agência Lusa tentou contactar a empresa de segurança, mas ainda não foi possível obter um comentário.