Secretária de Estado enaltece importância de cooperação no Sahel
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, enalteceu hoje a importância da Coligação para o Sahel, considerando que a situação na região tem implicações a nível internacional.
© Global Imagens
País Sahel
"Há esse reconhecimento de que a situação no Sahel não tem apenas implicações ao nível local e regional, mas, ao contrário, tem claramente extravasamento a nível internacional e por isso é também importante uma resposta a nível internacional", disse Teresa Ribeiro à Lusa, após a primeira reunião da Coligação para o Sahel.
A Coligação para o Sahel foi lançada durante a Cimeira de Pau, em janeiro, numa iniciativa conjunta do Presidente francês, Emmanuel Macron, e dos chefes dos Estados que integram o G5-Sahel (Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger) com o objetivo de apoiar estes países africanos.
A reunião, realizada por videoconferência, que contou com a participação de vários ministros dos negócios estrangeiros da União Europeia, assim como de representantes de organizações internacionais como União Europeia (UE), Nações Unidas (ONU), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Aliança Sahel.
A secretária de Estado fez um balanço positivo do encontro virtual, considerando que "correu muito bem", e destacou "uma participação internacional alargada" e "uma grande adesão à estratégia proposta pela Coligação para o Sahel".
"De alguma forma dá conta da importância atribuída à cooperação e à coordenação internacional para responder à complexidade dos desafios que a situação na região do Sahel coloca", afirmou Teresa Ribeiro.
Na reunião foi abordada a importância da participação internacional "em particular ao nível securitário, numa estratégia multidimensional de longo termo e capaz de promover as condições de desenvolvimento socioeconómico, o Estado de direito e o respeito pelos direitos humanos na região", afirmou a secretária de Estado, acrescentando: "Portugal apoia, e apoia, obviamente, de forma muito comprometida".
Teresa Ribeiro assinalou também a importância de os Estados adotarem os mecanismos e aceitarem a cooperação internacional.
"Outro aspeto que também foi sublinhado no curso da reunião foi a apropriação. Isto é, se nós queremos de facto que esta coligação produza resultados positivos, é preciso que os países da região se apropriarem dela, porque se essa apropriação não existir, seguramente que a estratégia -- e esta coligação -- não será conseguida", frisou.
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação abordou também o papel das organizações regionais, como União Africana e CEDEAO, que considera "igualmente muito importantes para consolidar a estratégia".
Quanto ao papel da ONU, a governante aponta que a organização é "importante para promover a estratégia", internacionalmente e por ser "indispensável na coordenação e na mobilização de esforços para a estabilização do Sahel".
Teresa Ribeiro acrescentou ainda que alguns dos desafios no Sahel, como o terrorismo, resultam de fatores como a pobreza ou a "ausência de Estados fortes".
"Nós sabemos que quando o Estado não está, outros ocuparão esse espaço, e nós sabemos que essa é a estratégia destes movimentos terroristas, que vão ocupar o espaço que deveria ser ocupado pelo Estado e pelas instituições", vincou.
Os países do Sahel enfrentam uma situação de deterioração da segurança, motivada pelo aumento da presença de grupos 'jihadistas', que tem levantado preocupação entre a comunidade internacional.
De acordo com a ONU, mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 em Burkina Faso, Mali e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.
Além de uma força conjunta do G5 Sahel, a região conta também com a operação Barkhane, uma missão das Forças Armadas francesas no Mali, com mais de 4.500 militares.
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