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Obras anunciadas para a EN125 são "cosmética" e "serviços mínimos"

A falta de segurança da Estrada Nacional (EN) 125 no sotavento algarvio está a preocupar utentes, que veem as intervenções anunciados pela Infraestruturas de Portugal (IP) como "obras de cosmética", mas também municípios, que os classificam como "serviços mínimos".

Obras anunciadas para a EN125 são "cosmética" e "serviços mínimos"
Notícias ao Minuto

06:19 - 06/09/20 por Lusa

País EN125

Hugo Pena, do Movimento de Cidadania dos Utentes da EN 125, disse à agência Lusa que o investimento de 1,6 milhões de euros anunciado pela IP para trabalhos de melhoria na Subconcessão do Algarve Litoral (SCAL) abrange 10 troços e "apenas um" é na EN125 entre Vila Real de Santo António e Olhão.

"Não vai servir praticamente para nada, vão fazer exatamente o mesmo que se fez há dois anos: obras de cosmética, mandar areia para os olhos das pessoas, e, uma vez mais -- e isto é que é importante referir -- o Governo, e todos os governos que têm passado por aqui, que isto fique bem claro, porque este movimento é apartidário , têm desrespeitado sistematicamente os algarvios, principalmente os algarvios do sotavento", considerou.

Em maio, a IP lançou dois concursos públicos para a execução de empreitadas para "correção de patologias em pavimentos" da rede rodoviária da SCAL em seis troços do barlavento (oeste) algarvio e quatro do sotavento (leste), um dos quais na EN 125.

Para o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), os trabalhos agora anunciados representam apenas "os serviços mínimos" e a ausência de uma intervenção profunda no sotavento, idêntica à que já foi feita no barlavento, deve-se aos diferendos jurídicos entre o Estado e os concessionários.

"Aquilo que está a acontecer foi uma exigência mínima. Digamos que isto são os serviços mínimos, que é tapar os buracos, num problema que está sem solução, numa expressão muito portuguesa, de pescadinha com rabo na boca", afirmou António Pina à Lusa.

O também presidente da Câmara de Olhão considerou que estes "serviços mínimos" foram conseguidos "depois de alguma insistência", sendo os trabalhos que "a Infraestruturas pode fazer enquanto o processo não for concluído" para "garantir, pelo menos, as questões de segurança".

"Porque os investimentos que estão previstos, como a circular a Olhão, não podem avançar enquanto não for decidido qual é o contrato que está em vigor", justificou, manifestando o desejo de, no futuro, o fim do pagamento de portagens na Via do Infante (A22) poder retirar tráfego da EN 125.

Segundo Hugo Pena, a EN 125 no sotavento regista uma "sinistralidade rodoviária bastante grande e alta", tem "má sinalização, deficiente sinalização vertical, horizontal e luminosa, semáforos que não funcionam e outros que estão avariados", defendendo a requalificação total do troço.

O presidente da AMAL recordou que a requalificação da EN 125, na sua extensão total, foi anunciada em 2008, mas sublinhou que, durante o Governo PSD/CDS-PP, "no tempo da 'troika', houve uma negociação do Estado português com o concessionário para retirar metade da concessão e voltar para o Estado, que é exatamente de Olhão para Vila Real de Santo António".

"Esse novo contrato foi recusado mais do que uma vez pelo Tribunal de Contas, aliás, a última recusa foi no final do ano passado. Este Governo, agora, recorreu dessa decisão", explicou.

Entretanto, a concessionária colocou num tribunal arbitral a renúncia da concessão "porque não há pagamentos", mas, na verdade, neste momento, ainda não se sabe "que renúncia de concessão vão fazer, a primeira ou a segunda, portanto isto está tudo enrolado e não se faz absolutamente nada", concluiu.

A Lusa esteve na EN 125 e falou com Carlos Pereira, um motorista que costuma trabalhar no sotavento e que qualificou as condições da estrada como "um pouco difíceis", já que a estrada está "cheia de buracos e com o piso muito estragado", o que propicia a ocorrência de "vários acidentes".

"Agora, atualmente, as zonas com mais dificuldade são entre a Luz de Tavira e Olhão e a zona ali de Vila Real de Santo António. A zona de Praia Verde [concelho de Castro Marim] também falta ali uma rotunda", exemplificou.

Manuel da Ponte, que vende fruta junto à EN 125, perto de Monte Gordo, disse à Lusa que, "desde Olhão até Vila Real de Santo António, é uma desgraça a estrada. Arranjam um bocado, mas não arranjam o outro".

"Há muitos acidentes e esta zona de Olhão para Vila Real de Santo António, então, é uma desgraça", lamentou, criticando que a situação tenha chegado a este ponto no sotavento, enquanto no barlavento a requalificação já foi concluída e a circulação se faz com mais segurança.

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