"É difícil defender-se em tribunal de uma prova que é diabólica"
Advogado de António Joaquim contesta tese de investigação tida em conta pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
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País Luís Grilo
Esta terça-feira o caso do homicídio do triatleta Luís Grilo sofreu um volte-face. António Joaquim, alegado amante de Rosa Grilo, foi condenado ao 25 anos de prisão, pelo Tribunal da Relação de Lisboa, ao contrário do que tinha acontecido em março, no Tribunal de Loures, onde tinha sido ilibado do crime.
Em entrevista à TVI24, Ricardo Serrano Vieira, o advogado do arguido contestou a tese de investigação tida em conta pela Relação.
"Não me parece que o senhor procurador que fez o julgamento tenha desvalorizado as provas que a Polícia Judiciária reuniu, antes pelo contrário, o problema é que, no seguimento da produção de prova no Tribunal de Loures, as consequências dessa produção é que são manifestamente diferentes daquilo que ouvimos aqui nesta peça [que aborda a decisão da Relação]", começou por dizer o advogado de Defesa, enumerando, de seguida, várias provas que não foram adicionadas ao processo.
"Por exemplo, diz que, no dia 16, ou no dia a seguir ao alegado homicídio, o senhor António tinha chegado tarde ao Campus da Justiça e que chegava sempre a uma determinada hora. Está demonstrado em tribunal que, por diversas vezes, o senhor António chegava tarde a tribunal, tinha uma razão que era a questão dos filhos. Também está dito, a questão das localizações celulares. Não há dúvidas nenhumas de que o router da casa do senhor António é acionado no dia, ou na noite, dos alegados factos. Isto foi informação trazida pela Defesa, a pedido da Defesa, ordenada pela tribunal, à qual a PJ teve a possibilidade de recolher a prova e não a juntou ao processo e isso mostra inequivocamente que o senhor António estaria em casa", explicou.
A acrescer a isto, garantiu Ricardo Serrano Vieira, "temos o depoimento do senhor António, o depoimento da senhora Rosa, o depoimento da ex-mulher do senhor António que dizem que, naquela noite, o senhor António estava com os filhos. Falou-se também da questão da arma. Só para que fique esclarecido, todos os relatórios periciais que existem são inconclusivos e é difícil para a Defesa poder em tribunal defender-se de uma prova que é diabólica".
Antes de concluir, o advogado de António Joaquim defendeu ainda que a acusação utilizou a profissão do arguido contra ele.
"É importante explicar que o senhor António trabalha num Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa, ou seja, é da competência dele processos ditos sumários, pequena criminalidade, como condução em estado de embriaguez, condução sem carta. Eu sei que foi importante para a investigação passar a ideia que, por ele ser Oficial de Justiça, teria conhecimento de determinados factos, como por exemplo, a ideia de que teriam desligado os telemóveis. Esta afirmação é completamente errada. Não existe nenhuma demonstração no processo disso. É difícil para alguém defender-se em tribunal de algo que ou é inconclusivo ou que assenta única e exclusivamente naquilo que é uma tese de investigação", atirou.
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