Fenprof ficou "profundamente chocada com a notícia do assassinato de um professor de Conflans Sainte Honorine", decapitado 16 de Outubro, em frente à escola onde ensinava história e geografia, alegadamente, por ter mostrado caricaturas de Maomé numa das suas aulas, como parte de uma reflexão sobre a liberdade de expressão.
A posição da Federação Nacional de Professores foi transmitida numa nota enviada às redações, assim como à escola de Bois d’Aulne, na qual Samuel Paty exercia a profissão docente, à Embaixada de França em Portugal, às mais representativas organizações sindicais de professores em França, federações e confederações, e, ainda, à Internacional de Educação.
"Este ato hediondo foi cometido contra um professor que estava a fazer o seu trabalho, mas também contra a escola como lugar de liberdade e de construção de uma cidadania democrática e emancipatória, o que implica diferentes dimensões da educação, tais como a educação para os direitos humanos, a educação intercultural ou a educação para a paz", frisa a estrutura sindical que se associa às manifestações de pesar e de condenação que tiveram lugar em França e em muitos países.
"Face a este crime horrendo", lê-se na nota, a Fenprof "sublinha a responsabilidade dos governos em apoiar a escola pública e o pessoal docente e não docente, nomeadamente, assegurando aos professores condições de trabalho compatíveis com a sua importante missão, incluindo a imprescindível proteção no exercício da sua profissão".
A Fenprof sublinha ainda "a importância da laicidade, da liberdade de consciência e da liberdade de expressão, frisando que"os valores da Democracia e da República não podem ceder ao terrorismo".
Na sexta-feira à tarde, Abdullakh Anzorov decapitou Samuel Paty, um professor de história e de geografia, nos arredores da escola onde ensinava num bairro tranquilo de Conflans-Sainte-Honorine. Em seguida, a 200 metros daquele local, a polícia abateu, com nove balas, Anzorov.
Na sequência do assassinato, sete pessoas, incluindo dois menores, vão ser hoje presentes a um juiz antiterrorista. Neste grupo encontra-se Brahim C., o pai da aluna que apelou para uma mobilização contra o professor Samuel Paty nas redes sociais, após duas aulas sobre a liberdade de expressão, em 5 e 6 de outubro.
Os investigadores antiterroristas, que procuram eventuais cúmplices, estão a analisar as mensagens trocadas, através da aplicação WhatsApp, entre o pai e o atacante, Abdullakh Anzorov, de 18 anos, um refugiado de origem chechena.
O radical islâmico Abdelhakim Sefrioui, que acompanhou o pai da aluna na mobilização contra o professor, também será presente ao juiz.
Dois menores, suspeitos de terem recebido dinheiro do atacante em troca de informações sobre a vítima, e três amigos do atacante vão também ser ouvidos pelo juiz. Os três amigos entregaram-se à polícia na sexta-feira à noite.