Marques Mendes considerou, no seu espaço habitual de comentário na SIC, que, "chegados ao estado a que chegamos", as novas medidas tomadas de combate à pandemia em Portugal, sobretudo o recolher obrigatório, são um "choque, mas um choque necessário".
O comentador entende que as medidas mais "duras" - o recolher obrigatório noturno durante a semana e o recolher nos próximos dois fins de semana às 13 horas - são necessárias porque a situação "é quase dramática", caracterizada por um "crescimento exponencial de infetados" , "um crescimento muito significativo de internados", "um crescimento muito preocupante de óbitos", o que é "uma preocupação com o Serviço Nacional de Saúde".
"Isto é um choque brutal. Sobretudo as medidas dos próximos fins de semana. Para as pessoas, para as famílias, para a restauração, é, de facto, brutal", notou.
No entanto, se não se tomassem estas medidas agora, a situação tornar-se-ia, provavelmente, "caótica". "Há especialistas que já dizem que se nada for feito, daqui a 10 dias os hospitais entram em rutura", ou seja, podem vir a sofrer o drama que já se viveu em Itália e em Espanha na primeira vaga: "escolher quem se trata e quem não se trata, quem vai para cuidados intensivos e quem não vai". "Isto é im choque absolutamente necessário", reiterou.
No entanto e apesar de manifestar concordância com as medidas tomadas, Marques Mendes não deixa de criticar o Governo pelo facto de as ter tomado, no seu entender, tardiamente.
"Estas medidas são necessárias porque são tardias. Só chegamos a este ponto porque durante estas semanas o Governo não atuou com a firmeza que se impunha", acusou o social-democrata, que questiona: "Porque é que o Governo não atuou mais cedo? Porque é que não tomou a decisão há duas ou três semanas? Sobretudo sabendo-se que medidas tomadas hoje só têm efeito daqui a duas ou três semanas? Porque é que o Governo não avançou com o Estado de Emergência duas ou três semanas antes?".
Apesar de considerar que o Governo esteve bem na primeira fase da pandemia, Marques Mendes mostra-se crítico em relação à gestão nesta segunda onda, considerando que o Executivo socialista dá imagem de "desnorte, falta de planeamento, incapacidade de agir e de se antecipar aos acontecimentos".
Portugal contabiliza este domingo mais 48 mortos relacionados com a covid-19 e 5.784 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 2.740 mortes e 179.24 casos de infeção, estando ativos 76.647 casos.
A partir desta segunda-feira, dia 9, os residentes dos 121 concelhos considerados de risco elevado de infeção pelo novo coronavírus estão proibidos de circular na via pública entre as 23 horas e as 5 horas e, nos próximos dois fins de semana, entre as 13 horas e as 5 horas.