"Só ouvíamos gritos". O relato do tumulto do dia em que Ihor morreu
Uma mulher que se cruzou com Ihor Homeniuk, nas instalações do SEF de Lisboa, relatou os gritos que ouviu durante a noite e o dia em que o ucraniano morreu.
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País Ihor Homeniuk
Uma mulher brasileira, que aterrou em Lisboa no dia 11 de março, descreveu à SIC Notícias o tumulto que presenciou em torno do homem que agora identifica como sendo Ihor Homeniuk. "Só ouvíamos gritos", relatou a jovem.
A cidadã brasileira chegou a Portugal com intenção de permanecer por cá por poucas horas, o suficiente apenas para fazer o transbordo para a Suíça. Acabaria, porém, por ser barrada pelo SEF.
Nessa noite, foi conduzida ao Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa, onde passou a noite para que, no dia seguinte, apanhasse um voo de regresso ao país de origem.
No trajeto até ao dormitório, avistou um homem que, agora, consegue identificar: era Ihor Homeniuk. O ucraniano, como relatou à estação de Paço de Arcos, passou pelo corredor com as mãos algemadas e parecia "alguém perturbado mentalmente. Ao ver, se fosse acusado de ser um doente mental, eu acreditaria porque naquele momento a face dele era exatamente essa, a de alguém assim meio sombrio".
Quando já estava deitada, a jovem lembra-se de ouvir "uma espécie de gritaria, de confusão", mas o cansaço levou-a a adormecer. Pela manhã, depois de as outras mulheres e crianças que também dormiram na camarata terem relatado "tumulto" e que o homem tinha "apanhado muito durante a madrugada", a brasileira começou a ouvir novamente sinais de que algo se passava.
"Só ouvimos gritos, não víamos nada", recorda, acrescentando ainda que um dos inspetores que saiu da sala onde estava Ihor mancava e, quando questionado pelo motivo, disse que "talvez se tivesse magoado no pé por causa dos pontapés que deu na pessoa".
A mulher regressou ao Brasil, na manhã de 12 de março, dia em que Ihor Homeniuk acabaria por morrer às mãos do SEF.
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