FNE sugere que alunos do secundário tenham ensino misto

A Federação Nacional da Educação (FNE) pediu hoje ao Governo a implementação de medidas nas escolas que diminuam o risco de contágio durante a pandemia de covid-19, sugerindo como hipótese que os alunos do secundário pudessem passar a ensino misto.

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Lusa
07/01/2021 17:55 ‧ 07/01/2021 por Lusa

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Covid-19

"Apresentámos um conjunto de soluções pensadas no sentido de criar condições que diminuam o risco. É preciso adotar novas medidas tais como aumentar o distanciamento social, reduzir número de alunos por turma e até, eventualmente, determinar que os alunos do secundário passem a ter aulas num regime híbrido, ou seja, que uma parte das aulas seja presencial e outra à distância", disse à Lusa o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, no final de uma reunião com o Ministério da Educação.

A FNE foi uma das organizações sindicais que hoje esteve reunida com a secretária de Estado da Educação, Inês Ramires, para um balanço do primeiro período de atual ano letivo.

O encontro marcou também o retomar de reuniões entre sindicatos e a tutela, já que a última ocorreu há quase um ano, a 22 de janeiro.

Sobre o primeiro período de aulas, sindicatos e tutela têm uma visão diferente, com os primeiros a apontar várias falhas e o Governo a sublinhar que as escolas se mantiveram abertas, contaram à Lusa vários sindicalistas.

"Houve uma instabilidade que sabíamos que iria existir numa pandemia", referiu João Dias da Silva, sublinhando que "o direito a ter aulas não foi cumprido em muitos casos" e houve um "aprofundamento de desigualdades" que é preciso corrigir.

Olhando para a frente, o secretário-geral da FNE afirmou que a situação pandémica está a agravar-se, com o aumento de novos casos diários: na quarta-feira ultrapassou os 10 mil e hoje passou os nove mil. Por isso, disse, é preciso "adequar o funcionamento do ano letivo às condições essenciais para preservar a saúde e segurança sanitária de todos os que estão na escola: professores, alunos e trabalhadores não docentes".

Defensor do ensino presencial, João Dias da Silva admite que a opção do ensino misto para os alunos mais velhos poderia ajudar a reduzir os contágios.

Também o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendeu a continuidade do ensino presencial, mas disse que há "condições que não estão a ser observadas", como o "distanciamento, arejamento dos espaços, limpeza e rastreios".

Mário Nogueira criticou o facto de "as escolas terem um tratamento diferente de outras comunidades" no que toca à "realização de rastreios ou ao distanciamento entre alunos".

Para a Fenprof é essencial haver testes de despistagem e criar condições nas escolas que não promovam novos contágios.

Mário Nogueira lembrou um estudo que envolveu 131 países e publicado na revista Lancet que concluiu que "o funcionamento das escolas faz aumentar mais a taxa de transmissibilidade da doença do que o funcionamento dos locais de trabalho ou a utilização de transportes públicos".

Sobre o balanço quanto ao primeiro período do atual ano letivo, Mário Nogueira considerou que "não foi positivo: faltaram nas escolas professores e trabalhadores não docentes".

A Fenprof reconheceu que houve um reforço de docentes, mas lembrou que "também houve muitas aposentações" e professores doentes ou em isolamento profilático devido à pandemia de covid-19.

Dias da Silva acrescentou a sobrecarga de trabalho dos professores, que em alguns casos "duplicou, triplicou e até quadruplicou", porque tinham que dar apoio aos alunos presentes na sala de aula e aos que ficam em casa.

Os sindicatos ficam agora na expectativa quanto à realização da próxima reunião. Tanto a Fenprof como a FNE têm quatro matérias fundamentais que querem discutir com a tutela: os concursos de professores, as carreiras, o envelhecimento e a aposentação assim como os horários e condições de trabalho.

João Dias da Silva adiantou à Lusa que na próxima semana irá enviar um pedido de reunião para que a federação possa debater a alteração do diploma dos concursos de professores.

Já Mário Nogueira teme que se repita o que aconteceu há um ano: "Saímos da reunião com a manifestação da intenção de haver diálogo e de ser diferente do que aconteceu até aqui, mas também saímos com esse compromisso da última reunião, que se realizou a 22 de janeiro. O sinal de que a situação iria ser diferente, teria sido a previsão de quando é que iríamos começar a discutir os aspetos considerados como prioritários", disse.

Do lado da secretária de Estado ficou a promessa de reunir em breve, mas Mário Nogueira diz preferir "esperar para ver", ficando por agora registado "a intenção de fazer diferente". 

 

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